Bíblia
Como ler a
Bíblia?
O Segundo Concílio do Vaticano nos recomenda muito a
leitura da Bíblia. Lembra até uma frase de São Jerônimo: "Quem não conhece
as Escrituras, não conhece Cristo". Logo a seguir o Concílio diz:
"Lembrem-se de que a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada
pela oração para que se estabeleça o diálogo entre Deus e o homem. Como diz
Santo Ambrósio, lendo a Escritura, nós ouvimos Deus; pela oração, nós lhe
falamos.
1. Para uma leitura proveitosa da Bíblia é preciso
ter algumas noções básicas, algumas informações sobre o ambiente em que foi
escrita, sobre o seu estilo etc. Foi isso que tentamos ver até agora, de um
modo muito simples e superficial, é claro.
2. O mais importante, porém, é termos uma atitude
correta diante da Bíblia: uma atitude de fé. Em primeiro lugar, temos de
acreditar que a Bíblia é para nós a palavra de Deus. Quem se aproximar sem essa
convicção, poderá satisfazer sua curiosidade, poderá encontrar beleza
literária, poderá até se tornar um "especialista. Não encontrará, porém, o
alimento da palavra que salva. Essa atitude de fé, essa atitude de quem
acredita, exige que aceitemos a Bíblia como palavra de Deus recebida na Igreja,
nossa comunidade de fé e de vida. Precisamos ler a Bíblia com a Igreja para ouvirmos
realmente a palavra de Deus.
3. Pela fé, somos levados à docilidade, à atitude de
quem está disposto a ser ensinado, de quem quer ouvir e aprender. Docilidade
que é "abertura" para as coisas divinas, que devem ser julgadas e
compreendidas de uma forma diferente da compreensão e do julgamento que temos
para com as coisas humanas. Essa compreensão superior só nos é possível sob a
iluminação da graça de Deus. Do poder de Deus que nos dá uma
"co-naturalidade", uma sintonia com as realidades divinas. Como disse
Jesus, só o homem pode compreender o que existe no coração do homem. Do mesmo
modo, só podemos compreender o que há no coração de Deus na medida em que, pela
graça, participamos de algum modo da natureza do próprio Deus. Isso quer dizer
que, para podermos compreender a Bíblia, devemos estar participando da vida
divina pela graça. O pecado, que nos separa de Deus, fecha-nos também os olhos
para a compreensão das coisas divinas.
4. Sendo assim, é fácil perceber que a nossa leitura
da Bíblia deve ser uma "oração". Em vários sentidos. A começar pela
oração de quem pede a Deus que nos fale e que nos abra o coração. De quem
insiste na prece diante de uma passagem mais obscura ou que nos parece encerrar
uma mensagem mais rica do que percebemos à primeira vista. Prece de quem se
sente sem forças para aceitar a exigência de certos convites ou mesmo de certos
mandamentos e normas. Oração de louvor, ao percebemos a grandeza de Deus, do
seu amor, da sua bondade, da sua misericórdia. É claro que essa atitude de oração
exige que a nossa leitura seja
calma, vagarosa, tranqüila, ouvindo, saboreando,
assimilando. Afinal, o importante não é ler muito, mas ler bem.
5. Sim, porque devemos ler a Bíblia não apenas para
saber, mas para viver. Para aos poucos começarmos a ser como Deus quer que
sejamos. Para irmos assimilando a sua maneira de pensar, julgar e querer. Essa
mudança em nossa vida, geralmente, não acontece de repente, nem toda de uma
vez. Supõe um contato demorado, repetido e continuado com a Palavra de Deus. E,
uma vez que a nossa vida não é sempre igual, será preciso sabermos procurar na
Bíblia a orientação apropriada para cada situação que estivermos vivendo no
momento. Tomando sempre o cuidado, nunca é demais repetir, de não obrigarmos a
Bíblia a
dizer o que queremos ouvir.
6. Não é só a nossa vida pessoal e
"religiosa" que devemos pôr em julgamento diante da palavra de Deus.
É toda a nossa vida, em toda a sua complexidade e em todos os seus aspectos,
mesmo aqueles que nada têm a ver com "religião". É toda a vida da
sociedade que devemos tentar compreender e julgar à luz da Bíblia: a política e
a economia, as relações de trabalho, a comunicação, a arte, o lazer, toda a
realidade humana, afinal. Do presente e do passado, tentando ainda encontrar
rumos para o futuro.
7. Levando
em conta que a Bíblia se formou por inspiração de Deus, mas ao mesmo tempo se
formou no contexto da vida de uma comunidade o povo judeu e depois a Igreja ,
uma boa leitura da Bíblia supõe um contato contínuo com essa mesma comunidade.
Primeiro pela participação na sua vida e na sua atividade. Depois, por um
intercâmbio de experiência, esclarecimento, anseios e preocupações. Pela
procura de irmãos mais esclarecidos ou mais experientes que nos esclareçam e
resolvam nossas possíveis dúvidas. Exatamente aí está a grande utilidade dos
"Círculos Bíblicos" e de outros grupos semelhantes para a leitura e a
reflexão sobre a Bíblia. E sempre que possível, ou necessário, podemos
encontrar um auxílio muito grande nos jornais, revistas, livros, pregações,
cursos e programas de rádio oferecidos pela nossa comunidade.
As páginas que você leu não terão sido inúteis, se
você agora se sentir animado a procurar maiores esclarecimentos e,
principalmente, se sentir animado a um contato continuado com a Bíblia, a
Palavra de Deus encarnada em pobres palavras humanas.
Bíblia
Introdução
Você já ouviu falar muito sobre a Bíblia. Durante as
missas já ouviu ler muitos textos da Bíblia. Talvez tenha sido esse seu
primeiro contato com esse livro misterioso.
Afinal você resolveu adquirir uma Bíblia ou, quem
sabe, você a recebeu de presente. E agora, aí está na sua frente esse livro. É
bastante grosso, a capa é mais bonita, com as letras douradas: BÍBLIA SAGRADA.
Você abre a primeira página e não encontra o nome do autor como está acostumado
a ver nos outros livros. Logomais abaixo do título está escrito: "Tradução
dos originais hebraicos, aramaicos e gregos.... Ao pé da página, você encontra,
como nos outros livros, a indicação da cidade onde foi impresso e o ano da
edição. Você está diante da Bíblia.
É interessante compreender que se tem uma impressão
de estar diante de uma aventura, diante de uma porta misteriosa que nos abre
mundos novos e fascinantes. Essa impressão é mais forte ainda diante da Bíblia.
Parece que o mistério é maior ainda. Sabemos que é um livro escrito há muito e
muito tempo. É um livro que sempre tivemos em grande consideração, apesar de
não o conhecermos diretamente. O primeiro pensamento que nos vem é a pergunta:
será que vou conseguir entender? Chegamos a ter mesmo um pouco de receio ao
começar a leitura.
Mas, em geral, não começamos imediatamente a
leitura... Primeiro folheamos as páginas ao acaso. E logo começamos a encontrar
palavras e títulos estranhos: Gênesis, Êxodo, Levítico, Primeiro Livro dos
Reis, Jó, Salmos, Sofonias, Apocalipse... Lemos uma frase aqui, outra ali. São
frases num estilo, num modo de falar que nos parece muito diferente de tudo
quanto estamos acostumados a ouvir.
E mais. Até o próprio índice desse livro chamado
"Bíblia" é interessante. Notamos logo duas grandes divisões:
"Antigo Testamento" e "Novo Testamento. Para nós,
"testamento" é um papel deixado por uma pessoa, determinando como
deve ser feita a partilha da herança.
O que vem a ser, então, "Novo Testamento? Interessante
também é ver que esse livro estranho está dividido em muitos outros
livros": Livro do Gênesis, Livro do Êxodo, Livro da Sabedoria... Não há
dúvida. Estamos diante de um "livro" diferente dos outros.
Enquanto vamos fazendo assim uma leitura rápida e
salteada, vão nascendo outras perguntas mais. Como é que esse livro chegou até
nós? Quando foi que apareceu? Quem escreveu? Por que a linguagem desse livro
parece assim tão difícil e diferente? O que quer dizer que a Bíblia é a palavra
de Deus para nós, como você já ouviu dizer tantas vezes? Será que Deus escreveu
pessoalmente esse livro? Será que foi ditando as palavras para que alguém as
escrevesse? Bíblia. Por que será que esse livro se chama "BÍBLIA"?
Quando começamos de fato a ler a Bíblia, então sim,
é que as perguntas vão ficando cada vez mais numerosas. Se a gente, por
exemplo, começa a ler o Livro do Gênesis, encontra logo a história da criação
do mundo em sete dias, a criação do homem feito de barro, a mulher feita de uma
costela de Adão. Vêm depois a história do dilúvio e muitas outras, onde
aparecem Abraão, lsaac, Sodoma e Gomorra, os filhos de Jacó. Encontramos até
mesmo algumas histórias que nos parecem quase escandalosas. O que significam
essas histórias? como compreendê-las? que importância elas têm para nós? será
que o mundo foi mesmo criado em sete dias?
Acho que você, depois de ter assim folheado a
Bíblia, já percebeu e sentiu a necessidade de uma introdução que nos ajude a
compreender esse livro. Sem uma introdução, é quase certo que vamos abandonar a
sua leitura, principalmente a leitura da primeira parte, chamada "Antigo
Testamento. Ou, se continuarmos a leitura, haverá o perigo de formarmos uma
infinidade de idéias falsas.
É sempre difícil a gente ler um livro antigo. E nem
precisa ser tão antigo assim. Se tomamos um livro escrito há uns cem anos
atrás, já vamos notar um modo de pensar e de falar totalmente diferente do
nosso. É só lembrar as dificuldades dos estudantes quando começam a ler as
poesias de Camões e outras obras escritas em português antigo. E a Bíblia é
muito mais antiga e foi escrita num ambiente muito mais diferente do nosso.
Justamente para ajudá-lo no seu primeiro contato com
a Bíblia é que foram escritas estas páginas. Não pretendo dar a interpretação
desta ou daquela passagem da Bíblia. Vou tentar uma introdução geral, uma
explicação que facilite a interpretação e a compreensão de todo o livro, uma
resposta pelo menos a algumas de suas perguntas.
O Filho Pródigo
Um homem tinha dois filhos. O mais jovem disse ao pai: ‘Pai, dá-me a
parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu
os bens entre eles. Poucos dias depois, ajuntando todos os seus haveres,
o filho mais jovem partiu para uma região longínqua e ali dissipou sua herança
numa vida devassa. E gastou tudo. Sobreveio àquela região uma grande fome e ele
começou a passar privações.
Foi, então, empregar-se com um dos homens
daquela região, que o mandou para seus campos cuidar dos porcos. Ele queria
matar a fome com as bolotas que os porcos
comiam, mas ninguém lhas dava. E caindo em si, disse: ‘Quantos
empregados de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome! Vou-me embora, procurar o
meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o
Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me
como um dos teus empregados’.
Partiu, então, e foi ao encontro de seu pai.
Ele estava ainda ao longe, quando seu pai
viu-o, encheu-se de compaixão, correu e lançou-se-lhe ao pescoço,
cobrindo-o de beijos. O filho, então,
disse-lhe: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos seus servos: ‘Ide
depressa, trazei a melhor túnica e revesti-o com ela, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias
nos pés. Trazei o novilho cevado e matai-o; comamos e festejemos, pois este meu
filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado!’
E começaram a festejar. Seu filho mais velho
estava no campo. Quando voltava, já perto de casa ouviu músicas e danças.
Chamando um servo, perguntou-lhe o que estava acontecendo. Este lhe disse: ‘É
teu irmão que voltou e teu pai matou o novilho cevado, porque o recuperou
com saúde’. Então ele ficou com muita
raiva e não queria entrar. Seu pai saiu para
suplicar-lhe. Ele, porém, respondeu a seu pai: ‘Há tantos anos que te
sirvo, e jamais transgredi um só dos teus mandamentos, e nunca me deste um
cabrito para festejar com meus amigos. Contudo, veio esse teu filho que devorou
teus bens com prostitutas, e para ele matas o novilho cevado!’ Mas o pai lhe disse:
‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso que
festejássemos e nos alegrássemos, pois esse teu irmão estava morto e
tornou a viver; ele estava perdido e
foi reencontrado!’»
Lucas 15,
11-32
A parábola
Esta é
uma das mais importantes e abrangentes parábola do Novo Testamento. Apresenta-se uma versão da expulsão de Adão
do Paraíso, vista pelos olhos de um
evangelista — Lucas — não comprometido com a cultura judaica e com o
Deus Terrível de Moisés. Uma adaptação da passagem de Adão à nova aliança de
Jesus com um Deus Pai, Bom e Compreensivo, que compreende o caminho evolutivo
tomado por seu Filho, e que o espera e recebe-o de volta de braços abertos!
Este é bem um ensinamento de Jesus! Só poderia ter sido transcrito por Lucas,
por isso que esta parábola é exclusiva deste Evangelho, não havendo referencia
a ela em nenhum dos outros. Tal fato vem corroborar a atual interpretação, que
passaremos agora a analisar passo a passo. Trata-se da representação do
processo evolutivo pelo qual nós estamos passando neste eon. Mostra a passagem do Ser de um reino a
outro reino, de um reino do tipo sub-hominalpara o reino hominal. Esta passagem
é caracterizada pelo processo evolutivo, no qual o Ser passa de um estado de
harmonia com o Todo, no qual não tem consciência disto, para um estado no qual
estará em harmonia com este mesmo Todo, porém conscientemente.
A casa do Pai
A parábola começa mostrando que na Casa do
Pai, a mônada espiritual vivia em harmonia,
sem necessidade de prover sua subsistência da mesma forma que Adão no
Paraíso! Aqui a mônada é o filho de um
Pai que lhe é semelhante. Somos emanações da Divindade. O Filho na casa do Pai é semelhante a esse pai e
guarda em si as potencialidades Dele. A tendência evolutiva normal do filho é crescer e se
identificar com este Pai.
O despertar
Um dia, em um dos filhos (não em todos),
desperta o desejo do conhecimento; de tornar-se consciente de sua situação, de
suas necessidades, de sua evolução, de conhecer da árvore do Bem e do Mal! Este pede ao
Pai a sua Vida, para que, usando-a, adquira essa consciência.
Pedindo a Vida
As traduções da Vulgata interpretam este
pedido como "herança", dando uma conotação material no pedido do filho. No texto
original grego, do evangelho de Lucas, o que o filho pede ao pai é ousia (do verbo ienai que
significa "ser"), parte do ser. Logo adiante, quando o pai divide os bens, a palavra é taxativa:
bios o que o filho pede verdadeiramente ao pai é a Vida! Ou, numa interpretação mais atual, o
Self.
Consessão
O Pai concede sua parte da Vida, para que
faça dela o que em sua consciência lhe
aprouver. Para que a use para o bem e para o mal, para a harmonia e para
a desarmonia, para que pelo seu
sofrimento, malbaratando sua vida, chegue um dia à conclusão de que a vontade da Casa do Pai é realmente a sua
vontade. Para que possa um dia dizer "Eu e o Pai somo um"!
Identificação
Assim o Filho parte da casa do pai para
vivenciar este eon da sua evolução, que é
essencialmente o período evolutivo pelo qual todos nós estamos passando.
Neste eon a Humanidade caminha para
conscientemente participar da Harmonia da Casa do Pai. Saindo de casa do Pai de posse da Vida (ou Self),
penetra no mundo da satisfação dos sentidos.
Afastando-se cada vez mais do Todo e identificando-se cada vez mais com
seu ego, com a sua persona. Assim
gasta toda a sua vida, vindo a passar privações — porque sobreveio uma grande fome. Situação inevitável neste
caminho descendente.
A descida
Estando já de posse da Persona, senhor da
sua identidade e no máximo do seu egoísmo, ao
invés de retornar à casa do Pai, busca encontrar o caminho por seus
próprios meios, tornando-se empregado dos homens da região do mundo, os quais,
por sua vez, o designam para cuidar de
porcos imundos.
Tomada de consciência
Nesta situação de máxima degradação, busca
"encher seu estômago" (esta é a expressão da parábola) com as vagens que eram dadas aos
porcos. Essa associação com estes homens
nem mesmo enchia sua barriga. Não busca aplacar a fome, mas encher o
estômago, como alguém que ainda está
identificando a si mesmo como o seu ser material. Esta é a degradação final do Ser que desceu ao
fundo do poço de identificação com a matéria. Associa-se a Lúcifer (porta luz), que é o
homem dessa região. Este pode ser identificado com nossa fase de materialismo, de
excessiva auto-confiança, de crença cega na ciência e na tecnologia. Que tem tentado encher a
barriga do homem sem jamais aplacar a sua fome. Neste momento, "voltou-se para dentro
de si" (a citação é literalmente esta) e disse: "quantos empregados de meu Pai têm pão
com fartura, e eu aqui passando fome! Vou
embora procurar meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o céu e contra
ti; já não sou digno de ser chamado
teu filho. Trata-me como um dos teu empregados". Este é o grande momento da parábola, onde o Filho Pródigo
compreende que o caminho para a sua
felicidade está dentro de si. Que é por dentro de si que vai poder
retornar à paz e à harmonia da Casa
do Pai.
O verdadeiro despertar
É o despertar, após um atroz sofrimento.
Este verdadeiro despertar vem aqui acompanhado
de um sentimento puro, de dentro do coração, que pede perdão, que sabe
que pecou contra o céu e contra o pai, e
que humildemente não se julga mais digno de ser o filho, mas um empregado. Não
tem nada mais a ver com qualquer busca de satisfação ou de realizações mundanas.
O retorno
"Partiu ao encontro do Pai!" "Ainda estava longe, quando
o Pai o viu, encheu-se de compaixão, correu e lançou-se-lhe ao pescoço,
cobrindo-o de beijos". O pai o identifica à volta desde o momento inicial,
mas o Filho Pródigo não está visível desde o inicio da jornada de volta. O Pai o vê ainda que
muito longe! Enche-se de compaixão, lança-se-lhe ao pescoço, transmitindo-lhe o poder do
verbo pela ativação do plexo laríngeo, para que possa, a partir daí, ter o poder de
construir pela palavra. Aqui há uma analogia com o momento da entrada da era de Aquário, onde
tem início o poder da palavra falada.
Cobrindo-o de beijos, devolve-lhe a Vida que lhe faltava, por compaixão!
A recepção
O pai diz aos servos: ide depressa, trazei a melhor túnica e vesti-o
com ela; ponde-lhe um anel no dedo e
sandálias nos pés. O pai então manda que a natureza (seus servos) o vistam com
a melhor túnica, para que tenha a melhor vestimenta que este mundo lhe pode
dar. Que lhe coloquem no dedo um anel, uma aliança que sele o matrimônio (que
se formou na aventura) do Ego com
o Eu maior. Sandálias,
para que seja elevado além das coisas deste
mundo de onde veio. Que matem um novilho — encerrem a era de Touro, Era
do Deus terrível! Festejemos todos esta evolução!
O filho mais velho
O filho mais velho só identifica a festa
de muito perto, mostrando como são pequenos seus recursos. Chamando um servo, este lhe conta
o retorno do irmão e a festa do pai. É um
servo do pai, a própria natureza, que honestamente lhe expõe no que
ficou. "Não queria entrar e o pai saiu para suplicar-lhe". Mostrando
que nunca fez distinção entre os filhos. — "Há tantos anos que te sirvo e
jamais transgredi um só dos teus mandamentos, e nunca me deste um carneiro para
festejar com meus amigos. Veio teu filho, que devorou teus bens com prostitutas
e para ele matas o novilho cevado!" Pede um carneiro (Aries), não um novilho, e se justifica por ter cumprido a
Justiça, ciclo que antecede a Era de Peixes, na qual o filho mais velho não havia sequer
entrado. O Pai não pode matar o carneiro, porque isso destruiria a oportunidade evolutiva deste
filho, pois que todos convivem em 3 eras. Hoje entramos em Aquário (Universalidade) —
poucos o percebem — e ainda vivenciamos
Peixes (Amor), e poucos saímos de Aries (Justiça). Quando nos tornarmos
Filhos Pródigos poderemos matar o Touro. O interessante deste diálogo é que o Filho
mais velho não mais se identifica como irmão do Pródigo, e se refere a ele como
"teu filho". Entende a diferença que se efetuou apenas como ligada ao
desperdício dos bens com prostitutas, confundindo todo o processo de crescimento evolutivo com a simples
sexualidade.
Exortação
O
pai termina a exortação ao filho dizendo: "Teu irmão estava perdido e foi
achado, estava morto e viveu!". De novo o pai afirma "teu
irmão", não negando a oportunidade de desenvolvimento àquele que ficou.
Estava morto e viveu — descobriu a vida eterna
(Imanente), à qual tantas e tantas vezes Jesus se refere em seus
sermões.
Somos filhos pródigos
Podemos entender como somos filhos
pródigos em variados estágios da caminhada, uns mais adiante, outros mais
próximos, mesmo os que inocentemente não saíram da casa do Pai, todos
irmanados. Que Deus possa breve me
avistar na minha caminhada de volta!
Sem Julgá-lo
Rezo, cada vez
mais,
pela conversão
do irmão
do filho pródigo.
Tenho no ouvido
o aviso
impressionante:
"O primeiro
despertou
de sua vida de pecado.
O segundo
quando
despertará
de sua
virtude?"...
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