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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

CURSO
BÍBLICO









INTRODUÇÃO


Livro da humanidade

Abrindo a Bíblia, você está abrindo um dos livros mais lidos de toda a história da humanidade. Antes de você, milhões de pessoas procuraram aqui dentro um sentido para a sua vida e o encontraram. Se não o tivessem encontrado, não nos teriam transmitido este livro tão antigo, e já não teríamos mais nenhum interesse pela Bíblia. Mas o contrário está acontecendo. Só neste nosso século, mais de um bilhão e quinhentos milhões de exemplares da Bíblia já foram impressos e divulgados no mundo inteiro, traduzidos para mais de mil línguas diferentes.
Ora, um livro procurado e lido por tanta gente deve possuir um segredo muito importante para a vida. Pois, em geral, nós homens e mulheres não somos tão bobos assim para continuar procurando num lugar onde nada se encontra! Qual é este segredo? Como fazer para descobri-lo? A Bíblia é como coco de casca dura. Esconde e protege uma água que mata a sede do romeiro cansado. Romeiros e peregrinos somos todos! Cansados também! Vamos procurar o facão que nos quebre a casca deste coco!

Palavra de Deus

Em todas as épocas da história, sobretudo em épocas de crise como a nossa, voltamos a alimentar-nos da Bíblia, pois acreditamos que este livro tem a ver com Deus. A fé nos diz que a Bíblia é a palavra de Deus para nós. “Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”(Mt 4,4). Uma palavra tem a força e o valor daquele que a pronuncia. A palavra humana pode errar e enganar, pois o homem é fraco e não oferece segurança total. Mas a palavra de Deus não erra nem engana. Ela é prego seguro e firme que sustenta a vida de quem nela se agarra e por ela se orienta. Por isso, “toda escritura divinamente inspirada é útil para ensinar, para repreender, para corrigir, para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e capacitado para toda boa obra”(2Tm 3,16). Assim, “pela paciência e consolação das Escrituras, permaneçamos firmes na esperança”(Rm 15,4). Esperamos que, um dia, a verdade e a justiça voltem a ser a marca de toda a palavra que sai da boca dos homens!

Perguntas que surgem para quem vai ler a Bíblia

A Bíblia é a palavra de Deus. Mas em canto nenhum da Bíblia, Deus colocou a sua assinatura. Nunca ninguém viu o Espírito Santo em ação para mover alguém a escrever. Então, como foi que o povo descobriu que Deus é o autor da Bíblia? Como entender esta convicção tão profunda da nossa fé de que, quando leio a Bíblia, estou lendo ou ouvindo a palavra de Deus para nós? O que significa dizer que a Bíblia é a palavra inspirada de Deus? Foi Deus mesmo que pegou caneta e papel para escrever? Como foi que surgiu a Bíblia? Qual a sua mensagem? Como a gente deve ler este livro sagrado? Quais as regras da sua interpretação? A palavra de Deus encontra-se tão-somente na Bíblia? São muitas perguntas. Vamos tentar esclarecê-las, parte por parte.

Livro da caminhada do povo

A Bíblia não caiu pronta do céu. Ela surgiu da terra, da vida do povo de Deus. Surgiu como fruto da inspiração divina e do esforço humano. Quem escreveu foram homens e mulheres como nós. Eles é que pegaram caneta e papel e escreveram o que estava no seu coração. A maior parte deles não tinha consciência de estar falando ou escrevendo sob a inspiração de Deus. Estavam só querendo prestar um serviço aos irmãos em nome de Deus. Eles eram pessoas que faziam parte de uma comunidade, de um povo em formação, onde a fé em Deus e a prática da justiça eram ou deviam ser o eixo da vida. Preocupados em animar esta fé e em promover esta justiça, eles falavam e argumentavam para instruir os irmãos, para criticar abusos, para denunciar desvios, para lembrar a caminhada já feita e apontar novos rumos. Alguns deles chegaram a escrever, eles mesmos, as suas palavras ao povo. Outros nem sabiam escrever. Só sabiam falar e animar a fé pelo seu testemunho. As palavras destes últimos foram transmitidas oralmente, de boca em boca, durante muitos anos. Só bem mais tarde, outras pessoas decidiram fixá-las por escrito.
As palavras faladas ou escritas de todos estes homens e mulheres contribuíram para formar e organizar o povo de Deus. Por isso, o povo delas se lembrou e por elas se interessou. Não permitiu que caíssem no esquecimento. Fez questão de distingui-las das palavras e gestos de tantos outros que em nada contribuíram para a formação do povo, nem para a animação da fé e nem para a prática da justiça. Foi um longo processo. Muita gente colaborou. O povo todo se interessou.
Ora, a Bíblia foi surgindo do esforço comunitário de toda esta gente. Surgiu aos poucos, misturada com a história do próprio povo de Deus. Resumindo, a gente pode dizer: a Bíblia nasceu da vontade do povo de ser fiel a Deus e a si mesmo, e da preocupação de transmitir aos outros e a nós esta mesma vontade de ser fiel. Eles diziam: As coisas do passado aconteceram “para servir de exemplo, e foram escritas para advertir-nos, para quem chegou a plenitude dos tempos”(1Cor 10,11). A Bíblia surgiu sem rótulo. Só mais tarde, o próprio povo descobriu aí dentro a expressão da vontade de Deus e a presença da sua palavra santa.

Livro inspirado por Deus

Como é que um livro que surge da vida e da caminhada do povo pode ser, ao mesmo tempo, a palavra de Deus? Um agricultor resumiu a resposta nesta frase: “Deus fala misturado nas coisas: os olhos percebem as coisas, mas a fé enxerga Deus que nos fala!”A ação do Espírito de Deus pode ser comparada com a chuva: cai do alto, penetra no chão, e acorda a semente que produz a planta (cf. Is 55,10-11). A planta é fruto, ao mesmo tempo, da ação gratuita de Deus e do esforço suado das pessoas. É a palavra do Deus do povo e do povo de Deus.
A ação do Espírito de Deus pode ser comparada com o sol: seus raios invisíveis esquentam a terra e fazem crescer as plantas de baixo para cima. Pode ser comparada ainda com o vento que não se vê. A Bíblia é fruto do vento invisível de Deus, que moveu os homens a agir, a falar ou a escrever. Até hoje, o Espírito de Deus nos atinge quando lemos a Bíblia. Ele nos ajuda a ouvir e a praticar a palavra de Deus. Sem ele, não é possível descobrir o sentido que a Bíblia tem para nós (cf. Jo 16,12-13; 14,26). O Espírito Santo não se compra nem se vende (cf. At 8,20), nem é fruto só de estudo. É um dom de Deus que deve ser pedido na oração (cf. Lc 11,13).

A lista dos livros inspirados

Em vista da fidelidade a Deus e a si mesmo, o povo foi fazendo uma seleção daqueles escritos que eram considerados de grande importância para a sua caminhada. Assim surgiu uma lista de livros, reconhecidos por todos como sendo a expressão da sua fé, das suas convicções, da sua história, das suas leis, do seu culto, da sua missão. Lidos e relidos nas reuniões e nas celebrações do povo, os livros desta lista foram adquirindo, aos poucos, uma grande autoridade. Eram o patrimônio sagrado do povo, porque lhe revelavam a vontade de Deus. Daí vem a expressão Escritura Sagrada.
Nós dizemos lista. Eles usavam uma palavra grega e diziam cânon, o que quer dizer lista ou norma. Os livros canônicos (cânon) eram a norma da fé e da vida do povo. Ora, esta lista de livros sagrados recebeu mais tarde o nome de Bíblia.
A Bíblia é o resultado final de uma longa caminhada, fruto da ação de Deus, que quer o bem dos homens, e do esforço dos homens que querem conhecer e praticar a vontade de Deus. Ou seja, a Bíblia é o fruto de um mutirão prolongado do povo que procurava descobrir, praticar, escrever e transmitir aos outros e a nós a palavra de Deus presente na vida. Vamos ver alguns aspectos deste mutirão do povo que deu origem à Bíblia.

Quem escreveu?

Não foi uma única pessoa que escreveu a Bíblia. Muita gente deu a sua contribuição: homens e mulheres, jovens e velhos, pais e mães de família, agricultores e operários de várias profissões; gente instruída que sabia ler e escrever e gente simples que só sabia contar histórias; gente viajada e gente que nunca saiu de casa; sacerdotes e profetas, reis e pastores, pobres e ricos, gente de todas as classes, mas todos convertidos e unidos na mesma preocupação de construir um povo irmão, onde reinassem a fé e a justiça, o amor e a fraternidade, a verdade e a fidelidade, e onde não houvesse opressor nem oprimido.
Todos deram a sua colaboração, cada um do seu jeito. Todos foram professores e alunos, uns dos outros. Mas aqui e acolá, a gente ainda percebe como alguns, às vezes, puxavam a brasa um pouquinho para o seu lado.

Quando foi escrita?

A Bíblia não foi escrita de uma só vez. Levou muito tempo, mais de mil anos. Começou em torno do ano 1250 antes de Cristo, e o ponto final só foi colocado cem anos depois do nascimento de Jesus. Aliás, é muito difícil saber quando foi que começaram a escrever a Bíblia, pois, antes de ser escrita, a Bíblia foi narrada e contada nas rodas de conversa e nas celebrações do povo. E antes de ser narrada e contada, ela foi vivida por muitas gerações num esforço teimoso e fiel de colocar Deus na vida e de organizar a vida de acordo com a justiça.
No começo, o povo não fazia muita distinção entre contar e escrever. O importante era expressar e transmitir aos outros a nova consciência comunitária, nascida neles a partir do contato com Deus. Faziam isto contando aos filhos os fatos mais importantes do seu passado. Como nós hoje decoramos a letra dos cânticos, assim eles decoravam e transmitiam as histórias, as leis, as profecias, os salmos, os provérbios e tantas outras coisas que, depois, foram escritas na Bíblia. A Bíblia saiu da memória do povo. Nasceu da preocupação de não esquecer o passado.

Onde foi escrita?

A Bíblia não foi escrita no mesmo lugar, mas em muitos lugares e países diferentes. A maior parte do Antigo Testamento e do Novo Testamento foi escrita na Palestina, a terra onde o povo vivia, por onde Jesus andou e onde nasceu a Igreja. Algumas partes do Antigo Testamento foram escritas na Babilônia, onde o povo viveu no cativeiro no século VI antes de Cristo. Outras partes foram escritas no Egito, para onde muita gente emigrou depois do cativeiro. O Novo Testamento tem partes que foram escritas na Síria, na Ásia Menor, na Grécia e na Itália, onde havia muitas comunidades, fundadas ou visitadas pelo apóstolo São Paulo.
Ora, os costumes, a cultura, a religião, a situação econômica, social e política de todos estes povos deixaram marcas na Bíblia e tiveram a sua influência na maneira de a Bíblia nos apresentar a mensagem de Deus aos homens.

Em que língua foi escrita?

A Bíblia não foi escrita numa única língua, mas em três línguas diferentes. A maior parte do Antigo Testamento foi escrita em hebraico. Era a língua que se falava na Palestina antes do cativeiro. Depois do cativeiro, o povo de lá começou a falar o aramaico. Mas a Bíblia continuou a ser escrita, copiada e lida em hebraico. Para que o povo pudesse ter acesso à Bíblia, foram criadas escolinhas em toda parte. Jesus deve ter freqüentado a escolinha de Nazaré para aprender o hebraico. Só uma parte bem pequena do Antigo Testamento foi escrita em aramaico . Um único livro do Antigo Testamento, o livro da Sabedoria, e todo o Novo Testamento foram escritos em grego. O grego era a nova língua do comércio que invadiu o mundo daquele tempo, depois das conquistas de Alexandre Magno, no século IV antes de Cristo.
Assim, no tempo de Jesus, o povo da Palestina falava o aramaico em casa, usava o hebraico na leitura da Bíblia, e o grego no comércio e na política. Quando os apóstolos saíram da Palestina para pregar o Evangelho aos outros povos, eles adotaram uma tradução grega do Antigo Testamento, feita no Egito no século III antes de Cristo para os judeus imigrantes que já não entendiam o hebraico nem o aramaico. Esta tradução grega é chamada Septuaginta ou Setenta. Na época em que ela foi feita, a lista (cânon) dos livros sagrados ainda não estava concluída. E assim aconteceu que a lista dos livros desta tradução grega ficou mais comprida do que a lista dos livros da Bíblia hebraica.
É desta diferença entre a Bíblia hebraica da Palestina e a Bíblia grega do Egito que veio a diferença entre a Bíblia dos protestantes e a Bíblia dos católicos. Os protestantes preferiram a lista mais curta e mais antiga da Bíblia hebraica, e os católicos, seguindo o exemplo dos apóstolos, ficaram com a lista mais comprida da tradução grega dos Setenta. Há sete livros a mais na Bíblia dos católicos: Tobias, Judite, Baruc, Eclesiástico, Sabedoria, os dois livros dos Macabeus, além de algumas partes de Daniel e Ester. São chamados “deuterocanônicos”, isto é, são da segunda (dêutero) lista (cânon).

O assunto da Bíblia

O assunto da Bíblia não é só doutrina sobre Deus. Lá dentro tem de tudo: doutrina, histórias, provérbios, profecias, cânticos, salmos, lamentações, cartas, sermões, meditações, filosofia, romances, cantos de amor, biografias, genealogias, poesias, parábolas, comparações, tratados, contratos, leis para a organização do povo, leis para o bom funcionamento da liturgia; coisas alegres e coisas tristes; fatos verdadeiros e fatos simbólicos; coisas do passado, coisas do presente e coisas do futuro. Enfim, tudo que dá para rir e para chorar. Tem trechos da Bíblia que querem comunicar alegria, esperança, coragem e amor; outros trechos querem denunciar erros, pecados, opressão e injustiças. Tem páginas lá dentro que foram escritas pelo gosto de contar uma bela história para descansar a mente do leitor e provocar nele um sorriso de esperança.
A Bíblia parece um álbum de fotografias. Muitas famílias possuem um álbum assim ou, ao menos, têm uma caixa onde guardam as suas fotografias, todas misturadas, sem ordem. De vez em quando, os filhos despejam tudo na mesa para olhar e comentar as fotografias. Os pais têm que contar a história de cada uma delas. A Bíblia é o álbum de fotografias da família de Deus. Nas suas reuniões e celebrações, o povo olhava as suas “fotografias”, e os pais contavam as histórias. Era o jeito de integrar os filhos no povo de Deus e de transmitir-lhes a consciência da sua missão e da sua responsabilidade.
A Bíblia não fala só de Deus que vai em busca do seu povo, mas também do povo que vai em busca do seu Deus e que procura organizar-se de acordo com a vontade divina. Ela conta as virtudes e os pecados, os acertos e os enganos, os pontos altos e os pontos baixos. Nada esconde, tudo revela. Conta os fatos do jeito que foram lembrados pelo povo. Histórias de gente pecadora que procura ser santa. Histórias de gente opressora que procura converter-se e ser irmão. Histórias de gente oprimida que procura libertar-se.
A Bíblia é tão variada como é variada a vida do povo. A palavra BÍBLIA vem do grego e quer dizer LIVROS. A Sagrada Escritura tem 73 livros. É quase uma biblioteca. Poucas bibliotecas paroquiais têm a variedade dos 73 livros da Bíblia!

A semente da Bíblia

Longo e demorado foi o mutirão do povo, do qual surgiu a Bíblia. Surgiu como surgem as árvores. Elas nascem de uma semente bem pequena, escondida no chão, e crescem até esparramar os seus galhos que oferecem sombra, alimento e proteção. A Bíblia nasceu de um chamado de Deus, escondido na vida do povo, e cresceu até esparramar os seus 73 galhos pelo mundo inteiro.
O chamado de Deus que deu início ao mutirão do povo é a palavra de Deus, por ele dirigida a todos os homens, também a nós hoje. Este apelo de Deus, escondido no chão da vida, foi descoberto primeiro por Abraão, depois por Moisés e pelo povo oprimido no Egito. Eles deram a sua resposta e fizeram nascer o começo do povo de Deus. Uma vez nascido o povo, trataram de não deixar morrer a semente. Os coordenadores convocavam a comunidade, os pais reuniam os filhos para transmitir a seguinte mensagem: “Nós éramos escravos no Egito. Gritamos ao Deus dos nossos pais, e ele ouviu o nosso clamor. Chamou Moisés e, com a ajuda de Deus e de Moisés, conseguimos a nossa libertação. Deus fez uma aliança conosco: Ele quer ser o nosso Deus, e nós temos que ser o seu povo, observando a sua Lei, vivendo como irmãos!”
Esta mensagem é o veiozinho verde que brotou da semente. É o núcleo da fé do povo de Deus. Uma história de libertação, da qual nasceu um compromisso mútuo! Semente bem pequenina! Cabia em umas poucas frases! Mas esta história foi contada e cantada, em prosa e verso, de mil maneiras, pelo povo libertado. Foi daí que nasceram os 73 livros da Bíblia, que hoje se esparramam pelo mundo inteiro, oferecendo sombra, alimento e proteção a quem o deseja. Nasceram, para que também nós possamos descobrir hoje o mesmo apelo de Deus em nossa vida e para que iniciemos a mesma caminhada de libertação.

O adubo que fez crescer a semente da Bíblia

Não é qualquer chão que serve para que uma árvore possa crescer. O canteiro, onde a semente da Bíblia criou raízes e de onde lançou os seus 73 galhos em todos os setores da vida, foi a celebração do povo oprimido, ansioso de se libertar.
A maior parte da Bíblia começou a ser decorada para poder ser usada nas celebrações, e foi escrita ou colecionada por sacerdotes e levitas, os responsáveis pela celebração do povo. Além disso, as romarias e as peregrinações, os santuários com as suas procissões, as festas e as grandes celebrações da aliança, o templo e as casas de oração (sinagogas), os sacrifícios e os ritos, os salmos e os cânticos, a catequese em família e o culto semanal, a oração e a vivência da fé, tudo isso marca a Bíblia, do começo ao fim!
O coração da Bíblia é o culto do povo! Mas não qualquer culto. É o culto ligado à vida do povo, onde este se reunia para ouvir a palavra de Deus e cantar as suas maravilhas; onde ele tomava consciência da opressão em que vivia ou que ele mesmo impunha aos irmãos; onde ele fazia penitência, mudava de mentalidade e renovava o seu compromisso de viver como um povo irmão; onde reabastecia a sua fé e alimentava a sua esperança; onde celebrava as suas vitórias e agradecia a Deus pelo dom da vida.
É também no culto que deve estar o coração da interpretação da Bíblia. Sem este ambiente de fé e de oração e sem esta consciência bem viva da opressão que existe no mundo, não é possível agarrar a raiz de onde brotou a Bíblia, nem é possível descobrir a sua mensagem central.

A mensagem central da Bíblia

Qual é, em poucas palavras, a mensagem central da Bíblia? A resposta não é fácil, pois depende da vivência. Se você gosta de uma pessoa e alguém lhe pergunta: “Qual é, em poucas palavras, a mensagem desta pessoa para você?”, aí não é fácil responder. O resumo da pessoa amada é o seu nome! Basta você ouvir, lembrar ou pronunciar o nome, e este lhe traz à memória tudo o que a pessoa amada significa para você. Não é assim? Pois bem, o resumo da Bíblia, a sua mensagem central, é o Nome de Deus!
O Nome de Deus é Javé, cujo sentido ele mesmo revelou e explicou ao povo (cf. Ex 3,14). Javé significa Emanuel, isto é, Deus conosco, Deus presente no meio do seu povo para libertá-lo. Deus quer ser Javé para nós, quer ser presença libertadora no meio de nós! E ele deu provas bem concretas de que esta é a sua vontade. A primeira prova foi a libertação do Egito. A última prova está sendo, até hoje, a ressurreição de Jesus, chamado Emanuel (cf. Mt 1,23). Pela ressurreição de Jesus, Deus venceu as forças da morte e abriu para nós o caminho da vida.
Por tudo isso é difícil resumir em poucas palavras aquilo que o Nome de Deus evocava na mente, no coração e na memória do povo por ele libertado. Só mesmo o povo que vive e celebra a presença libertadora de Deus no seu meio, pode avaliá-lo.
Na nossa Bíblia, o Nome Javé foi traduzido por Senhor. É a palavra que mais ocorre na Bíblia. Milhares de vezes! Pois o próprio Deus falou: “Este é o meu Nome para sempre! Sob este Nome quero ser invocado, de geração em geração!”(Ex 3,15). Faz um bem tão grande você ouvir, lembrar ou pronunciar o nome da pessoa amada. Aquilo ajuda tanto na vida! Dá força e coragem, consola e orienta, corrige e confirma. Um Nome assim não pode ser usado em vão! Seria uma blasfêmia usar o Nome de Deus para justificar a opressão do povo, pois Javé significa Deus libertador!
O Nome Javé é o centro de tudo. Tantas vezes Deus o afirma: “Eu quero ser Javé para vocês, e vocês devem ser o meu povo!”Ser o povo de Javé significa: ser um povo onde não há opressão como no Egito; onde o irmão não explora o irmão; onde reinam a justiça, o direito, a verdade e a lei dos dez mandamentos; onde o amor a Deus é igual ao amor ao próximo. Esta é a mensagem central da Bíblia; é o apelo que o Nome de Deus faz a todos aqueles que querem pertencer ao seu povo.

A esperança dos profetas

Caindo e levantando, o povo foi andando, procurando ser o povo de Deus e buscando atingir para si e para os outros os bens da promessa divina. Muitas vezes, porém, esquecia o chamado de Deus e se acomodava. Em vez de servir a Deus, queria que Deus servisse ao projeto que eles mesmos tinham inventado. Invertiam a situação. Era nestas horas que surgiam os profetas para denunciar o erro e para anunciar de novo a vontade de Deus ao povo.
A Bíblia conserva as palavras de quatro profetas chamados Maiores: Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel, e de doze Menores. Muitos outros profetas são mencionados na Bíblia. O maior deles foi Elias. Os profetas, cujos nomes, gestos e palavras foram conservados, são como flores. Elas supõem um chão, uma semente e uma planta. O chão, a semente e a planta destes profetas são as comunidades que lhes transmitiram a fé; são os inúmeros profetas locais, cujos nomes foram esquecidos. É como hoje. Os grandes profetas são conhecidos no país inteiro, mas eles só puderam surgir graças ao povo anônimo e fiel das suas comunidades.
Diante das falhas constantes do povo, desviado por seus falsos líderes, os profetas começaram a alimentar no povo uma nova esperança. Diziam: no futuro, o projeto de Deus será realizado através de um enviado especial, um novo líder, fiel e verdadeiro, chamado Messias.
Foi esta esperança maior, alimentada pelos profetas, que sustentou o resto fiel do povo e o ajudou a superar as duras crises da sua caminhada. O resto fiel eram sobretudo os pobres que punham sua esperança unicamente em Deus (cf. Sf 3,12). Como a mãe enfrenta as dores do parto, porque tem amor à vida nova que ela carrega dentro de si, assim os pobres enfrentavam as dores da caminhada, porque tinham amor à promessa divina que eles carregavam dentro de si. Eles acreditavam na vida nova que dela haveria de surgir para todos os homens. Esta vida nova chegou, finalmente, em Jesus, o Messias.

A esperança dos pobres se realiza em Jesus e nas comunidades

Para realizar a missão do Messias, Deus não mandou qualquer um. Mandou o seu próprio Filho! Jesus, o Filho de Deus, realizou a promessa do Pai, trouxe a libertação para o povo e anunciou a Boa-Nova do Reino aos pobres.
A pregação de Jesus não agradou a todos. Os doutores da Lei, os fariseus, os saduceus e os sacerdotes imaginavam a vinda do Reino como uma simples inversão da situação, sem mudança real no relacionamento entre os homens e entre os povos. Eles, os judeus, dominados pelos romanos, ficariam por cima e seriam os senhores do mundo, e os que estavam por cima ficariam por baixo.
Mas não era assim que Jesus entendia o Reino do Pai. Ele queria uma mudança radical. Para ele, o povo de Deus tinha de ser um povo irmão e servidor, e não um povo dominador a ser servido pelos outros povos (cf. Mt 20,28).
Jesus iniciou esta mudança: colocou-se do lado dos pobres, marginalizados pelo sistema dos líderes judeus, denunciou este sistema como contrário à vontade do Pai e convocava a todos para mudar de vida. Mas os grandes não quiseram. O que era Boa Notícia para os pobres era má notícia para os grandes, pois Jesus exigia deles que abandonassem os seus privilégios injustos e as suas idéias de grandeza e de poder. Eles preferiram as suas próprias idéias, rejeitaram o apelo de Jesus e o mataram na cruz com o apoio dos romanos.
Foi aí que o Pai mostrou de que lado ele estava. Usando o seu poder que protege a vida, ressuscitou Jesus. Animados por este mesmo poder de Deus que vence a morte, os seguidores de Jesus, os primeiros cristãos, organizaram a sua vida em pequenas comunidades, viviam em comunhão fraterna, tinham tudo em comum e já não havia mais necessitados entre eles (cf. At 2,42-44).
Assim, a vida nova, prometida no Antigo Testamento e trazida por Jesus, apareceu aos olhos de todos na vida dos primeiros cristãos. Eles se tornaram “a carta de Cristo, reconhecida e lida por todos os homens”(cf. 2Cor 3,2-3). Neles apareceu o Novo Testamento! É na vida comunitária dos primeiros cristãos, sustentada pela fé em Jesus, vivo no meio deles, que apareceu uma amostra clara do projeto que o Pai tinha em mente quando chamou Abraão e quando decidiu libertar o seu povo do Egito.
Jesus trouxe a chave para o povo poder entender o sentido verdadeiro da longa caminhada do Antigo Testamento. Os primeiros cristãos, usando esta chave, conseguiram abrir a porta da Bíblia e souberam entender e realizar a vontade do Pai. O Antigo Testamento é o botão, o Novo Testamento é a flor que nasceu do botão. Um se explica pelo outro. Um sem o outro não se entende. Como eles, assim também nós devemos reler a nossa história à luz de Cristo, com a ajuda da Bíblia, e tentar descobrir dentro dela o apelo de Deus, desde o seu começo.


Como ler com proveito a Bíblia

A experiência da ressurreição, vivida em comunidade, foi o grande estalo que iluminou os olhos e revelou aos cristãos o sentido da Bíblia e da vida. A história dos discípulos de Emaús mostra isso bem claramente, pois Jesus aparece aí como o intérprete da Bíblia e da vida.
Quando, no dia de Páscoa, os dois discípulos andavam pela estrada, Jesus caminhava com eles, mas eles não o reconheceram (cf. Lc 24,15-16). Faltava a luz nos olhos. Faltava a experiência da ressurreição. Quando, finalmente, o reconheceram na partilha do pão, Jesus desapareceu (cf. Lc 24,30-31). Pois nesta hora, Jesus entrou para dentro deles, e eles mesmos ressuscitaram. Venceram o desânimo e voltaram para Jerusalém, onde estavam os poderes que, matando Jesus, tinham matado neles a esperança. Mas eles já não os temiam. Neles estava a força maior, a força da vida que vence a morte.
A Bíblia teve um papel muito importante nesta transformação que se operou nos dois discípulos. Jesus usou a Bíblia não tanto para enriquecer os dois com idéias bonitas, mas muito mais para suscitar neles aquela mudança do medo para a coragem, do desespero para a esperança, da separação para o reencontro, da fuga para o enfrentamento, da morte para a vida. Vale a pena a gente ver mais de perto o jeito como Jesus usou a Bíblia. Ele serve de modelo para nós.

O primeiro círculo bíblico

A conversa de Jesus com os discípulos de Emaús foi o primeiro Círculo Bíblico. Nele aparecem três pontos que devem estar sempre presentes na leitura e na interpretação que fazemos da Bíblia.
1. Reflexão sobre a realidade: Jesus soube criar um ambiente de conversa e, com muito jeito, forçou os dois a falar sobre os problemas da vida que eles estavam sentindo. Na conversa apareceu toda a realidade: a tristeza, o desânimo, a frustração dos dois, a sua falsa esperança de um messias glorioso, a decisão do governo e dos sacerdotes de condenar Jesus, a cruz e a morte, a conversa das mulheres que provocou espanto, a incapacidade dos dois em crer nos pequenos sinais de esperança (cf. Lc 24,13-24).
2. Estudo da própria Bíblia: Jesus usou a Bíblia não tanto para interpretar e ensinar a Bíblia, mas muito mais para com ela interpretar os fatos da vida e animar os dois rapazes. Refletiu com eles, fez ver que estavam errados na sua maneira de explicar os fatos e mostrou, com a luz da Bíblia, que os fatos não estavam escapando da mão de Deus. Isto exigia dele um conhecimento profundo da Bíblia. Jesus conhecia a Bíblia. Junto com os dois, ele soube encontrar aqueles textos de Moisés e dos profetas que pudessem trazer alguma luz para a situação de tristeza e mudar as idéias erradas que eles tinham na cabeça. Jesus não teve medo de criticar interpretações erradas da Bíblia. Pois o texto bíblico tem um sentido certo que deve ser respeitado, para evitar que se manipule o texto em favor das próprias idéias, como os judeus faziam (cf. Lc 24,25-27).
3. Vivência comunitária da fé na Ressurreição: Jesus andou com eles, conversou, criou um ambiente de abertura e teve a paciência de escutá-los. Falando da vida e da Bíblia, agradou tanto, que o coração dos dois se esquentou, e eles chegaram a convidá-lo para o jantar. Ficou com eles, sentou à mesa, rezou com eles e fez a partilha do pão, como se tornou costume entre os cristãos que tinham tudo em comum. Jesus não só falou, mas colocou gestos bem concretos de amizade. Ora, tudo isso é o ambiente da comunidade, onde se procura viver como irmão. É aí que se faz a experiência da ressurreição, do Cristo vivo no meio de nós; a experiência de Javé, Deus libertador (cf. Lc 24, 28-32).
Quando estes três elementos estão presentes na interpretação da Bíblia, aí a Bíblia atinge o seu objetivo e acontece o milagre da mudança: os discípulos descobrem a força da palavra de Deus presente nos fatos, começam a praticá-la e tudo se transforma; os olhos se abrem, as pessoas mudam; a cruz, vista como sinal de morte e de desespero, torna-se sinal de vida e de esperança; o medo desaparece, a coragem reaparece; as pessoas se unem, se reencontram e começam a partilhar entre si a sua experiência de ressurreição; os poderes que oprimem e matam já não causam desânimo; os dois discípulos começam a reler a sua própria caminhada e descobrem que tudo começou quando Jesus falava com eles sobre a vida e sobre a Bíblia; a fé se afirma, a esperança se renova e o amor abre novos caminhos (cf. Lc 24,33-35).


A reflexão sobre a realidade

Interpretar a Bíblia, sem olhar a realidade da vida, é o mesmo que manter o sal fora da comida, a semente fora da terra, a luz debaixo da mesa; é como galho sem tronco, olhos sem cabeça, rio sem leito.
Pois a Bíblia não é o primeiro livro que Deus escreveu para nós, nem o mais importante. O primeiro livro é a natureza, criada pela palavra de Deus; são os fatos, os acontecimentos, a história, tudo que existe e acontece na vida do povo; é a realidade que nos envolve. Deus quer comunicar-se conosco através da vida que vivemos. Por meio dela, ele nos transmite a sua mensagem de amor e de justiça.
Mas nós homens, por causa dos nossos pecados, organizamos o mundo de tal maneira e criamos uma sociedade tão torta, que já não é mais possível perceber claramente a voz de Deus nesta vida que vivemos. Por isso, Deus escreveu um segundo livro que é a Bíblia. O segundo livro não veio substituir o primeiro. A Bíblia não veio ocupar o lugar da vida. A Bíblia foi escrita para nos ajudar a entender melhor o sentido da vida e perceber a presença da palavra de Deus dentro da nossa realidade.
Santo Agostinho resumiu tudo isso da seguinte maneira: a Bíblia, o segundo livro de Deus, foi escrita para nos ajudar a decifrar o mundo, para nos devolver o olhar da fé e da contemplação e para transformar toda a realidade numa grande revelação de Deus.
Por isso, quem lê e estuda a Bíblia, mas não olha a realidade do povo oprimido nem luta pela justiça e pela fraternidade, é infiel à palavra de Deus e não imita Jesus Cristo. Ele é semelhante aos fariseus que conheciam a Bíblia de cor, mas não a praticavam.

O estudo da própria Bíblia

O estudo da Bíblia deve ser feito com muita seriedade e disciplina. Considere a leitura que você faz da Bíblia como uma conversa sua com Deus. Ora, quando a gente conversa com alguém, deve tomar as palavras do outro do jeito que elas são ditas por ele. Eu não posso colocar as minhas idéias dentro das palavras do outro. Isto seria uma falta de honestidade. Não posso tirar do texto nenhum sentido, a não ser aquele que está dentro do texto. Convém ser severo e exigente consigo mesmo neste ponto. Nunca manipular o texto em favor das suas próprias idéias!
Mas um texto pode ser lido com duas mentalidades: com a mentalidade avarenta de um pão-duro ou com a mentalidade generosa de um mão-aberta. A gente deve ser generoso e nunca avarento na interpretação da Bíblia. Isto quer dizer: ler não só nas linhas, mas também nas entrelinhas. Em todos os textos sempre há duas coisas: as coisas ditas abertamente nas linhas, e as coisas ditas veladamente nas entrelinhas. As duas vêm do autor do texto, e as duas são igualmente importantes.
Como descobrir o que o autor diz nas entrelinhas? Usando a inteligência, o coração e a imaginação, perguntando sempre: 1. Quem é que está falando no texto e a quem? 2. O que ele está querendo dizer e por quê? 3. Em que situação ele está falando ou escrevendo e qual o jeito que ele usa para dar o seu recado? 4. Qual o ambiente que ele cria por meio das suas palavras e qual o interesse que ele defende? Estas e outras perguntas ajudam a gente a puxar a cortina e a perceber o que existe nas entrelinhas do texto bíblico.
Além disso, as introduções de cada livro, as notas ao pé das páginas, as referências para outros textos bíblicos, os mapas geográficos e o vocabulário que você encontra no fim desta Bíblia, foram feitos para ajudá-lo na descoberta do sentido certo e exato do texto. E aqui convém lembrar o seguinte: nadar se aprende nadando. O conhecimento da Bíblia se adquire através de uma prática constante de leitura, se possível diária.


A vivência comunitária da fé na ressurreição

Este terceiro ponto, muitas vezes esquecido, é muito importante. É como a caixa de ressonância de um violão. Sem ela, as cordas das palavras bíblicas não produzem a música de Deus no coração do leitor. Como criar esta caixa de ressonância da interpretação da Bíblia?
1. Jesus soube criar um ambiente de amizade e de abertura, onde foi possível ele ler a Bíblia junto com os dois discípulos de Emaús. Este é o primeiro passo: criar um ambiente de amizade e de abertura entre as pessoas, não para esconder os problemas da vida atrás de um sorriso, mas para poder discuti-los e enfrentá-los, mesmo que for preciso ir a Jerusalém, de noite, na escuridão.
2. A Bíblia surgiu da caminhada de um povo oprimido que, apoiado na promessa de Deus, buscava a sua libertação. A sua interpretação deve ser feita a partir do povo crente e oprimido que hoje busca a sua libertação. A interpretação da Bíblia não pode ser neutra, nem pode ser feita separada da vida e da história do nosso povo. Ela deve ser o fermento de Deus neste processo de “conversão”e de mudança da morte para a vida, do medo para a coragem, do desespero para a esperança, da opressão para a liberdade, que hoje marca a vida das nossas comunidades.
3. A Bíblia nasceu dentro de uma comunidade de fé. É só com o olhar de fé desta mesma comunidade que pode ser captada e entendida plenamente a sua mensagem. Este olhar não se compra com dinheiro nem com estudo. Adquire-se vivendo na comunidade, participando da sua caminhada e das suas lutas. Mesmo quando leio a Bíblia sozinho, devo lembrar sempre que estou lendo o livro da comunidade. Ninguém tem o direito de explicar a Bíblia do jeito que convém a ele, contrário aos interesses da comunidade. Pois a Bíblia não é propriedade privada de ninguém. Ela foi entregue aos cuidados do povo de Deus, para que este realize a sua missão libertadora, e revele aos olhos de todos a presença de Javé, o Deus vivo e verdadeiro. Com outras palavras, a Bíblia deve ser interpretada de acordo com o sentido que lhe dá a comunidade, a Igreja. O modo de pensar das comunidades do Brasil e da América Latina foi resumido em Medellín e em Puebla. O modo de pensar das comunidades do mundo inteiro é definido pelos Concílios Ecumênicos e pela palavra autorizada dos papas.
4. A Bíblia é, antes de tudo, palavra de Deus para nós. Por isso, a sua interpretação e leitura devem ser feitas com a convicção de fé de que Deus nos fala por meio da Bíblia. E ele fala não para que nós nos fechemos no estudo e na leitura da Bíblia, mas para que, pela leitura e pelo estudo da Bíblia, possamos descobrir a palavra viva de Deus dentro da história da nossa comunidade e do nosso povo.
5. A interpretação da Bíblia não depende só da inteligência e do estudo, mas também do coração e da ação do Espírito Santo. O Espírito de Jesus deve ter a oportunidade de nos falar quando lemos a Bíblia. Por isso, além do estudo e da troca de idéias, a leitura da Bíblia deve ter os seus momentos de silêncio e de oração, de canto e de celebração, de troca de experiências e de vivências.


Passos para uma boa leitura da Bíblia.

1º Passo: ter a nossa realidade na cabeça.
2º Passo: Respeitar o texto, não manipular, criar espaço para o Espírito Santo.
3º Passo: Ler como membro de uma comunidade, II Pd 1,20-21.
4º Passo: Ler no contexto, nenhum texto foi criado fora do contexto, a bíblia não é fim é meio.
5º Passo: ligar fé e vida.
6º Passo: o que o texto diz em si, o que o texto diz para mim e o que o texto me faz dizer a Deus.
7º Passo: leitura a serviço da vida.
8º Passo: Leitura comprometida.
9º Passo: leitura que revela o objetivo da bíblia.
Exemplo Lc 24, 1-35 Os discípulos de Emaús.

1º Ato de Jesus -  13-17 Aproxima-se do povo, caminha, ouve, pergunta.

2º Ato de Jesus - 18-24 Colocação da realidade a partir deles.

3º Ato de Jesus - 25-27 Escutou, foi para a bíblia. 

4º Ato de Jesus - 28-32 Jesus senta, pega o pão, da graça e desaparece.  Agora os discípulos devem dar continuidade ao que Jesus realizou, desaparece porque está no pão.

5º Ato de Jesus -  33-35 Comunidade se uniu e o que era fuga se tornou coragem.

Há 4 grandes tradições Bíblicas:

Jahwista - Javé.  Vem de Judá. Sul.

Elohista - E - Deus chamado de Elohim - Deus é a nível de transcendência. Norte (722 ac).

Deuteronomista: 587 leitura das J+E+D misturadas as religiões, JXE

Sacerdotal: P.  Faz uma redação dos outros, chamamos pentateuco. J,E,D e P.
















































ANTIGO TESTAMENTO


2000 AC - Abraão, Sara, Isaac, Agar, Jacó, José, Moisés.

1850 AC - A mesopotânia vive um período de transtorno social. Uma unificação. O país de Canaã é passagem para todos os seus inimigos.  Por estes problemas abraão também deixa sua terra e vai para a Palestina.  Deus pede a Abraão para se por a caminho e Abraão obedece a Deus.  É preciso ter fé.  Quando Abraão já começa a entender Deus, já está com 75 anos.  A parti de Abraão nasce um novo povo.  Patriarcas ou matriarcas, continuam a caminhada.  A fé se torna bênção de Deus. 

Promessa: terra, decedência e bênção.  Abraão vai em busca de uma vida melhor.  E nesta busca encontra Deus.  É preciso ter um líder, organização e uma ideologia.

1500 AC - O Povo cresce demais, Êx 7

1260  AC - Moisés: 

1º)  Início da Vida de Moisés, deve-se a um contexto de luta que vive pela morte. Sua mãe colocou-o no cesto e o pôs no rio, alguém da casa do faraó o encontrou e ficou com o menino.

2º)  Educação de Moisés: de elite.

3º)  Sensibilidade: Ele vê o problema.

4º)  Militância:  imediatista.

5º)  Mística Êx 3

6º) Organização, não volta sozinho. Javé é um, está onde tem o fogo, raio, trovões, etc. Usa os anciões e as tradições.

7º) Formação na ação. Jz 5,3-4
8º) Textos para aprofundar: Êx 5, Js 24, I Rs 19, Is 52, Jo 6, Apoc. 7

1300 AC - O povo é liberto do Egito.  Êx 17,4; 18,21;20.  O povo sentiu necessidade, foi preciso organizar-se e observar a Lei de Deus.
Êx 14,15  Passagem do Mar Vermelho.

DECÁLOGO
10 Mandamento: Êx 20

Igreja Ortodoxa: Vers. 3 é 1 mandamento.
Igreja Reformada: Vers 4-6 é 1 mandamento.
Igreja Episcopal:  Vers 17 é 1 mandamento.
Católica Latina: Vers 3-6 é 1 mandamento.
Luterana: Vers 17 são 2 mandamento.

Os mandamentos tem por objetivo:

-          Garantir o projeto de Deus.
-          Garantir que o povo possa viver na fraternidade e justiça.
-          São dirigidos ao povo, as comunidades de Israel.

O que cada mandamento quer combater?
R.     Exemplo o Vers 17, combate o poder, violência e o egoísmo.

Qual o valor que cada mandamento quer implantar?
R.     A ordem, o povo se encontrava em momento de desorganização então para que a coisa anda-se bem, surgiu as leis, como ponto para que o projeto de salvação fosse garantido.

1º Mandamento:  É ideológico quer dizer que tudo é material é ruim? E tudo que é da alma é bom? Não podemos continuar fazer está leitura.  Quando o mandamento foi dado, foi interpretado desta forma e até pouco tempo este pensamento continuava, hoje foi superado.  O mandamento quer dizer que Deus deve ser o início, o meio e o eterno em minha vida.  Ele deve ocupar um primeiro lugar, e juntamento com Ele o Reino. 

2º Mandamento:  Quer dizer, não usar o nome de Deus em favor do erro, da falsidade, etc.

3º Mandamento: o escravo te o mesmo direito do dono.  Deve ser lembrado que Deus libertou o povo do Egito para não mais ser escravo. 

4º Mandamento: as organizações dos povos depois de ser liberto foi em tribos, clãs, e os anciões eram os chefes por isso é preciso, respeitá-los.  Vai além do pai e da mãe.

5º Mandamento: é falar contra as mortes que a sociedade colocam hoje.  Respeitar o ser humano em todos os aspectos existentes. 

6º Mandamento: respeitar o matrimônio, a família e os homens e mulheres como pessoa humana. Não existe castidade se não tiver caridade.

7º Mandamento: é evitar que se crie uma sociedade que rouba.  Garantir que todos tenham partilha.

8º Mandamento: não apresentar testemunho falso.  É ser contra o sistema jurídico injusto.

9º Mandamento e 10º Mandamento: o pecado está em querer algo que não lhe pertence.

1250 AC - Araão, Mírian, Débora, Ester, Adão, Noé, Cain, Raquel, Sansão, Eli, Jelão, Josué, Juizes
1050 AC - Rute, Samuel, Davi união de todas as tribos.

REIS E PROFETAS:

1000 AC - Salomão, Elias, Eliseu, Isaías, Amós, Josias, Oséias, Miquéias, Judite, Ester, Ageu, Acab, Jo, Zacarias, Davi.

935 AC - Divisão do reino Judá X Israel.  Norte: Elias, Eliseu, Amós e Oséias.  Sul: Miquéias, Isaías, Jeremias.

760 AC - Amós, norte (campo);

755 AC - Oséias, norte (campo);

740 AC - Isaías. Sul (Cidade);  4º Cântico do Servo Is 52,13-15;53,1-12

-          52,13-15  Deus fala.
-          53,1  Pergunta introdutória.
-          53,2-3  Relata o sofrimento do servo.
-          53,4-6 Confissão pública.
-          53,7-9 Cumpri a promessa.
-          53,10-11 Resposta a pergunta.
-          53,11-12  Deus fala.

720 AC - Israel desaparece com a dominação da Síria.

725 AC - Miquéias sul da Cidade.

DOIS REINOS

NORTE 931 AC (Israel - Jacó) Assíria, Babilônia e Persa.

SUL (Judá - Egito) Mesopotânia.

722 AC - O Sul vence o norte.  A Assília volta para casa com o povo do norte.

716 AC - Ezequiel

687 AC - Manassés

640 AC - Josias

Qual a função do Profeta nestas épocas?
R.     O profeta vem alertar ao povo não de que o Deus deles estava errado, mas estavam levando a eles a uma opressão de que as pessoas estavam sendo usadas para isso.  O profeta é interprete da história, leitor da vida do povo, guardião da memória do povo.

Pré literários: defensores de Javé e os seus projetos defensores dos direitos dos fracos.  Natã, Davi, Jeroboão, Elias, Acab, Eliseu, Jorão.

Literários Profetas.  Ameaças contra a monarquia. Amós, Oséias, Isaías, Miquéias, Acaz, Ezequiel, Manassés, Josias. 

587 AC - Exílio da Babilônia.
Nesta época foi escrito a 1º parte do gênese, capítulos 1 a 11 na babilônia.  

ÊXODO:

-          Fato histórico;
-          Fato revelador.
-          Êx 18-22, 5-17, 8,21-24 10,24-26

Quais os mecanismos de opressão que aparece no Êxodo?
R.       Desativar as práticas religiosas, já que unia o povo, controle de natalidade, trabalhos forçados, esgotamento, capatazes, genocídio, etc.

538 Ciro - Volta para terra.  O controle é pela lei de Moisés. Quem controla é Esdras e Escribas.  Antes de Ciro o povo estar sem rei, sem terra e sem templo.  Projeto de Ageu, Zorobabel para restauração através da monarquia e do templo.

520 AC - Profeta Zacarias e o Sumo Sacerdote Josué - Restauração do tempo e do culto sem a monarquia, a comunidade se fecha a si mesma.

445 AC - Dominação Pérsia (Neemias e Provérbio).  Esdras era escriba e doutor da Lei.  Proposta a parti da lei, raça e pureza.  Todos que tinha mulheres e filhos estrangeiros tinham que se separar das mulheres e dos filhos.  Vem as leis de pureza que depois Jesus rejeitou.  Os profetas Rute, Jonas, Cântico dos Cânticos, Ester, Judite Ecleciaste e Jó foram contra esta idéia.

398 AC - Esdras.

333 - Grécia conquista tudo, Alexandre Mágno.

200 AC - Helênicos Dominação Selêncida

250 - Chegada a Terra, povo estava bem, mas queria um rei.  I Sm 8,5. 

142 AC - Revolução dos Macabeus.  Dominação Hasmoneira.

63 - Independência da Palestina.  Romanos começam seu reinado.

70    D.C. Acaba Jerusalém, domina os Fariseus.

85 ou 90 DC - Fazem uma reunião e volta o que é da Lei de Deus. Retiram os cristãos.

Datas de alguns livros.

350 AC - Jó, Rute, Jonas e Tobias.
300 AC - Cântico dos Cânticos.
300 a 200 AC - Eclesiástico.
200 a 180 AC - Ester
180 AC - Judite, Ester.
142 AC - Macabeus, última edição dos Salmos.
50 AC - Sabedoria.


Releitura dos conceitos principais.

Is  65, 17-25 Novo céu, nova terra.
Is 56, 36-37 Povo de Deus.
Is 43, 16-20 Novo Êxodo
Ez 47,21-23 Terra.
Jr 31,31-34   Nova Aliança.
Is 56, 6-7  Culto.
Ez 36,26 Novo Coração.
Is 66,21 Sacerdócio.
Is 45, 1 Ungido.
Is 52,7 Reino.
Is 2,2-5 Lei








LEITURA ORANTE DA PALAVRA DE DEUS


1)      Não vai estudar a bíblia.  Vai para a bíblia com a pobreza de coração.
2)      Depende de Deus.  Pedir o Espírito Santo.
3)      Criar ambiente adequado.  Ficar sempre atento a Deus.
4)      Lembrar que você faz parte de uma comunidade.
5)      Descobrir o que o texto diz em si, o que o texto diz hoje, o que o texto me leva a dizer a Deus.
6)      Contemplação e a vivência.
7)      Confrontar as conclusões, com a fé da igreja e da comunidade em que nós vivemos.  Confrontar com a exegese moderna.
8)      Entender que você é o destinatário.
9)      Ter sempre Jesus Cristo crucificado e Ressuscitado.
10)  Eu e nós.


-          Invocar o Espírito Santo.
-          Leitura lenta e atenta do texto.
-          Silêncio, ler lembrando o que leu.
-          Ler denovo ver o sentido de cada frase.
-          Atualizar ligando a nossa realidade.
-          Aumentar a visão ligando com outros textos.
-          Ler de novo rezando o texto.
-          Formular um compromisso de vida.
-          Rezar um salmo apropriado.
-          Uma frase para memorizar.

Exemplo: Salmos 1 e 150
Nestes salmos o que é oração?

















NOVO TESTAMENTO
CRISTOLOGIA



Região onde Jesus nasceu e viveu.  A Palestina era um corredor quase obrigatório por onde passavam as grandes vias de transportes entre o ocidente e o oriente.  A Palestina era do tamanho do estado do Sergipe.  Do norte ao sul media em torno de 220 Km.  O povo vivia da agricultura (cevada, azeitona, uva, figo e outras frutas, legumes e muito trigo).
No mar da Galiléia (Tiberíades e Genesaré), a pessoa era muito comum.  Na Judéia as terras era poucos férteis, era muito montanhosa.  Criava-se o gado, camelos, ovelhas, cabras...existia também o artesanato, a carpintaria, etc...
A moeda da Palestina era o siclo (servia para pagar o dízimo).  A moeda romana era do Denário (pagar impostos).  Tinha também a moeda grega Dracma e a fenínia Mina.  Estas eram usadas para o comércio com os estrangeiros.

Jerusalém, a capital, era uma cidade com mais ou menos 30 mil habitantes e muito mal situada.  Estava numa região árida, sem vias de comunicação, com 800 mt acima do nível do mar.
O povo tinha que pagar imposto para os romanos e imposto para o templo.  Os impostos somavam mais da metade da riqueza produzida pelos camponeses, artesãos e comerciantes da Palestina.  Para conseguir, isto, os romanos tinham como seus aliados o próprio governo local. O total de impostos a Roma era de 46%, e para o templo, 14% da renda familiar.
Os chefes dos cobradores eram os publicanos.  Existia a propina e os roubos.  Quem não pudesse pagar imposto, tinha que entregar as suas terras.
Eram excluídos: mulheres, crianças, samaritanos, mendigos, escravos, doentes, possessos, leprosos, cegos e outros, estes não podiam entrar nem na cidade e nem no templo, também não poderia ter nenhum tipo de comunicação com eles.
Além da dominação externa (dos romanos), a Palestina era dominada internamente pelo Sinédrio. 
O Sinédrio era a maior autoridade administrativa, judiciária, legislativa e religiosa da Palestina e a única lei escrita era a Torá.  O Sinédrio funcionava no Templo.  Logo, o Templo e a Lei eram os dois pilares principais sobre os quais estava fundamentada a sociedade judáica.
O Sumo Sacerdote - desde o exílio em 538, não havendo mais reis, o sumo sacerdote tornara-se pouco a pouco a chave da abóbada da sociedade judaíca.  É ele o responsável pelo Templo e pela Lei.  É o único que pode orar e expiar por todo o povo e sua morte era considerada como expiatória, pois nesta ocasião os assassinos eram agraciados.  Por causa de sua função, o sumo sacerdote goza de grande dignidade, o que lhe vale uma situação financeira confortável.


Grupos da época de Jesus:

Saduceus:  alguns acham que vem do Sadoc(1Rs2,35).  Outros acham que vem de Zaduk = Ser justo.  Aparece como grupo organizado em 144 AC.  A partir de Herodes todos os sumos sacerdotes eram saduceus.  É o grupo que domina os 28 sumo sacerdotes, de 28 a 24 eram de 4 famílias.  Foi eles que condenaram Jesus.

Sacerdotes: eram pessoas por decendência.  Este grupo de saduceu acaba em 70 DC. Defendiam as leis e pregavam ao pé da letra.  Não acreditam na vida depois da morte.  Tudo era feito aqui.

Fariseus: Começa com o grupos dos Macabeus e se chamavam "Hasidim". A luta era contra os Hasmoneus X Fariseus.  Tiveram um bom contato com Salomé.  Tinham a preocupação de cumprir a lei.  Fariseus quer significar: separados, mas viviam no meio do povo, e eram separados dos impuros. 
Teologia deles: zelo pela Lei.  Noções complicadas sobre a pureza.  Todos eram obrigados.  Sábado 39 leis sobre.  Tudo foi desenvolvido oralmente. Dízimo pagar até pelas plantas mas não valorizavam as pessoas.  Obrar de caridade: dar esmola, reza, jejuar.
90% da classe média para baixo.
Acreditavam na vida eterna, no juízo final, no Messias.  Eles sobreviveram depois de 70 DC, a expulsão dos cristão e a 1º perseguição vem dos Fariseus.  Maioria leigos.

Zelotes: ficou como grupo no ano 6DC.  No tempo de Jesus eram os sacerdotes.  Na Galiléia eram os Sicarrú=Punhais.  Eram contra os Romanos e tinham por base a Galiléia.  Visão: política era consequência da religião.  Soberano absoluto era Deus.  O César era a negação da soberania de Deus.  Não podia ter nada como Deus.  Zelo pela Lei.  Matavam os romanos nas grandes festas com punhais.  Liderou a I guerra Judaica de 66-70.  2º guerra Judaica 132-135DC.

Essênios:  começa com a classe dos hasidinos.  Zelo pela Lei.  Separados fisicamente não para o deserto.  Rejeitam casamento e o culto de Jerusalém.  Foram fundados por sacerdotes zadolistas.  Comunidade de Qumam.  Foi fundado por mestre de justiça.  Teologia: tipicamente sacerdotal.  Tudo que é espiritual é bom, tudo que é matéria é ruim.  De um lado luz de outro escuridão.  Eles esperam 2 messias o real e o sacerdotal.  Nada de misericórdia por parte de Deus ou de Jesus.

Escribas: é profissão não é ideologia.  Tudo gira em seu saber, interpreta a lei.  Para exercer tinha que ter no mínimo 40 anos.  Não podiam ser pagos pela interpretação. 

Mc 2,1-12
      2,13-17
      2,18-22
      2,23-28
      3,1-6
      7,1-16
     11,15-19
     12,13-17

Jesus: esta no meio destes grupos como leigo, sem participar de nenhum deles.

Templo: é o centro da religião, política e da economia.

1.      O que é evangelho?
R.     A Boa Notícia.  Vem a ser uma narração da história.  Fruto da vivência.  Conteúdo de Jesus é o Reino.  Contém: ditados, parábolas, milagres.
2.      Como chegaram a ser escritos?
R.     Houve a necessidade de escrever, registrar o fato de alguém que marcou a vida de algumas pessoas que gostariam de passar essa alegria também aos seus.  A narrativa mais forte é a paixão e morte que significa o exílio, onde as pessoas pensam que Deus na pessoa de Jesus foi derrotado.  Experiência vivida, expressão oral, vida das comunidades, catequese, liturgia, necessidade de memória, contexto, autor, história, objetivo.

3.      Por que tantas diferenças sobre o assunto?
R.     Há um único fato, porém, as experiências são pessoais.

Os evangelhos foram escritos após a Ressurreição de Jesus:

1º Escrito depois de Jesus é o de Paulo aos Tessalonicenses, 50 DC.
2º Escrito Evangelho de Marcos, 60 a 65 DC.
3º Escrito Evangelhos de Lucas e Mateus 80 DC.
4º Escrito Evangelho de João, 95-100 DC

Porque em Mt Jesus nasce em Belém?
Para Mt era importante que Jesus nasce-se em Belém, para mostrar que era o Filho de Deus. É para os pagãos.

Porque é importante para Mt que o anjo fala a José e não a Maria?
Faz ligação entre José do Egito e José esposo de Maria.  Ele reler o Antigo testamento.  Mq 5,1.

Porque Mt põe a história do rei ruim que mandou matar os meninos?
Porque Herodes é o sobre nome de uma família, que imperou por muito tempo.
1o Herodes conhecido como o grande reinou 39 a 4 AC
2º Herodes antipas, reinou de 4 a 39 DC
3º Cunhado do Filho chamado Herodes Agripa I 40 a 49 DC
4º Filho do Agripa I o Herodes Agripa II. 50 a 94 DC.

Quando foi a experiência das tentações?
Após o batismo, quando ele assumiu a missão.

O que significa cada tentação para Jesus?
R.     Deserto: no antigo testamento lembra-se do Êxodo, o povo passa 40 anos de deserto.  Jesus passa 40 dias.
Tentações do povo no deserto: não tinha pão, ídolo (bezerro de ouro), dúvidas de que Deus estava abandonando o povo.  Mt faz uma comparação de Jesus e Moisés só que Jesus vence as tentações e o Deserto do Êxodo, início do povo de Deus.
As 3 tentações volta para a sua necessidade de satisfazer a si mesmo.

Qual é a prática nova?
Jesus que vem contra a exploração, trazer nova vida, renovar o antigo.

Qual a prática que esta sendo questionada?
Questiona a centralização que por sua vez,  pregavam que Deus só estava ali exploração em nome deles próprios.  Jesus não é contra o culto, mas o jeito de que as coisas caminham.
Conseqüências desta nova prática?
Todos procuravam matar, reprimir a Jesus.  Justamente porque as coisas estavam mexendo com eles.

Jesus dá uma atenção toda especial as mulheres, que mais destaca isso é Lucas.
Lc 2,34-35  Lc 2,49-52

O anúncio de Jesus tem um eixo condutor, realizar o Reino através das Bens Aventuranças.
Mt 5,  1-12    Lc6,17-23.

Milagre, o que é?
Evento inexplicável, ação de Deus no seu povo, ato de fé, intervenção divina, mostrar algo gritante da sociedade, manifestação do poder de Deus, graça concedida, algo extraordinária não explicado pela ciência.
Lc 8,26-39
A cura dos demônios é Jesus que une, reúne as pessoas e vence a desunião.
O ponto do ato de curar não é só fisicamente.  O Reino está entrando e acabando com o nosso comodismo.
Ele ficou e divulgou todo o acontecido, Mc 10, 46-52.
Tua fé te salvou.
Depois ele seguiu Jesus no caminho.

Mt 8,14-15
A cura leva ao serviço ao trabalho do Reino.

Jo 6, 30-44
Jesus chama atenção para o ver.
5+2 perfeição (multiplicação dos pães).
12 Tribos.  Novo povo (12 cestos que sobraram)
Multiplicação: não estava no texto, evitou 1000 anos de pois pelos monges, quando escreveram para uma linguagem acessível ao povo.

Jo 9
Atitudes: fariseus, pais, discípulos e do cego.
É escrito quando os cristãos já foram expulso das sinagogas.

Exegese:

Muitos dos textos bíblicos, não querem falar somente do que se pode perceber pela leitura corrida, mas estão repletos de símbolos, gestos, movimentos, com uma catequese belíssima que muitas vezes não é explorada por nossas comunidades.  Um exemplo a Bodas de Canaã.
Jo 2,1-12
Dados interessantes que poderíamos observar:
-          Onde aconteceu a Festa do casamento, no Templo.  O templo naquela época era sagrado, não poderia acontecer uma festa.
-          Outro dado: havia no local 6 talhas de água, usadas para purificação, que também permaneciam no templo, onde não poderia acontecer uma festa de casamento.
-          Maria intercede, Jesus poderia ter feito o milagre sem a Mãe, porque Maria aparece somente neste milagre?
-          Jesus transforma água em vinho. 
Tendo em vista estes dados, podemos perguntar, Jesus fez ou não fez este milagre? 
Não vamos aqui questionar a atitude de Jesus diante do fato, nós sabemos que Jesus pode tudo, Ele é Deus.  Mas este texto não quer só dizer que Jesus tem poder de transformar a água em vinho, mas quer dar uma catequese.  Vamos analisar os dados levantados:
A festa significa o que aconteceu com a entrada de Jesus neste mundo.  Os anjos cantavam glória quando nasceu Jesus.  Ele precisou de uma mãe para entrar neste mundo, mesmo sendo Deus, quis assumir a condição humana e se fez homem.  A água significa todo o antigo testamento que Jesus veio transformar através de sua aliança definitiva, pelo seu sangue derramado na Cruz, por isso ele transformou em vinho, símbolo do  sangue.  O dono da festa não sabia o que estava acontecendo, o mundo não sabia que Jesus iria vir naquele momento, eles esperavam o Messias, mas não percebiam que já estava no meio deles.  O mundo provando do vinho novo, de Jesus, percebe que o que Jesus traz é algo novo, que vai superou o Antigo Testamento, porque agora a salvação está garantida para sempre.  O mundo perguntou, mas porque só agora serves o vinho bom quando todos estão saciados, embriagados?  Jesus veio para os doentes, quando tudo estava bom, não precisava Jesus ter vindo para abrir-nos o céu, agora quando tudo parecia perdido, Jesus vem para resgatar a humanidade.  As seis talhas que significar que não há mais necessidade de templo, Jesus é o novo templo, "antes adorávamos Deus no templo, em Jerusalém, agora irás me adorar em Espírito e Verdade".

Como este texto, tantos outros estão cheios de ensinamentos que nem sempre são explorados ou conhecidos por nós, que não quer dizer que Jesus não realizou tais coisas, pelo contrário, quer dar um testemunho ainda maior do que o Mestre fez e concretizou na vida dos apóstolos e nas nossas vidas.

Reino de Deus

Reino de Deus = Alterar realidade.
Relações: Deus – o reinar de Deus – filiação
                Seres Humanos – Irmandade.  Mt 25,31a.

Reinar é iniciativa de Deus.
Jesus primeiro perdoar os pecados que significa o agir de Deus.  E depois cura voltando-se para o ser humano, irmandade.
Pecado: é um fechar, um ir contra o Reino de Deus.

Contexto Religioso do Reino

-          Conversão: metanóia cabeça para baixo.
-          Relações fraternas – prática.
-          Jesus portador da Salvação.
-          Reino Filho Pleno.
-          Iniciativa de Deus = Graça.
-          Compromisso de Fé = ação.

Contexto Político:

-          Deus é que Reina (Is 52,7);
-          Poder que não é serviço é pecado.
-          Deus age na história (e somente na história);
-          Deus e Jesus fizeram opção pelos pobres.
-          Proposta política: relações irmandade para todos e recuperação de vida.   Is 65, 17-25.

Parábola

Bom Samaritano Lc 10, 25-37  Tipo de Pessoa.
O Banquete        Lc  14, 15-24      “    “     “
Os trabalhadoresMt  20, 1-16  Injustiça
Devedor             Mt  18,23-34      “
O Filho Pródigo Lc  15, 11-32 Lei
O Rico Lázaro   Lc  16,  19-31 Poder
Os Vinhateiros  Mt 21,   33-44 Poder
O Juízo Final     Mt 25,   31-46 Poder

Pai Nosso
Início da Igreja: Foi visto como oração individual.  Doc. Didaché: diz que os cristãos rezavam o Pai Nosso e o Credo pela manhã e pela noite.

350 DC -  S. Cirilo escreve um doc. onde o Pai Nosso deve fazer parte da liturgia antes da comunhão só pelos batizados e não para os catecúmenos, era considerado um privilégio.

Doxologia:  Vosso é o louvor, o poder e a glória para sempre.

Mt: escrevia para quem já sabia rezar, os Judeus que viraram cristãos. 

Lc escreve para pessoas que nunca rezaram, os pagãos.

Mt 6,7-8

1.      Pai Nosso que estás no céu.
2.      Santificado seja o teu Nome.
3.      Venha o teu Reino.
4.      Seja feita a tua vontade assim na terra como no céu.
5.      Dar- nos hoje o pão nosso de cada dia;
6.      Perdoai as nossas dívidas assim como nós perdoamos;
7.      Não nos deixe cair em tentação.
8.      Livrai-nos do mal.





Lc 11,2-4

1.      Pai.
2.      Santificado seja o teu nome;
3.      Venha a nós o vosso Reino;
4.      Demos hoje o pão nosso de cada dia,
5.      Igual como Mt;
6.      Igual a Mt

-          15 vezes o A.T. chama Deus de Pai.  E enfatiza amor e ternura.
-          Oséias 11,1  aparece Deus como Pai
-          Jr 31,20
-          Jr 31,9
-          E como um Pai cheio de bondade e amor.
-          Abá: não é só Pai, mas mostrava confiança, carinho.
-          O Judeu chama Deus de Pai.  Se fala que Deus é pai, mas não chama.
-          A palavra Pai no Evangelho é pronunciada 170 vezes.
-          Mc Ele chama Deus de Pai: 4 vezes;
-          Lc Ele chama Deus de Pai 15 vezes;
-          Mt Ele chama Deus de Pai 42 vezes;
-          Jo Ele chama Deus de Pai 109 vezes
-          Em nenhuma literatura Judaica ousa chamar Deus de Pai.
-          Jesus só chama Deus não como Pai uma vez: em Mc 15,34.
-          Se Deus é nosso Pai, somos todos irmãos.
-          Jesus autoriza os discípulos dele a chamar Deus de Pai, Gl 4,6.
-          Só em chamar Deus de Pai, não pode ter divisões.
-          O nome: quem conhece o nome conhece a essência da pessoa. Ex 36,23.

O Pão nosso de cada dia nos daí hoje

Nas bíblias há diferença:
-          Paulinas: o pão nosso de cada dia nos daí hoje.
-          Jerusalém: o pão nosso cotidiano da-nos a cada dia.
-          Ave Maria: daí nos hoje o pão necessário para o nosso sustento.
-          Loyola: dai-nos o pão necessário para cada dia.
-          Santuário: Daí-nos em cada dia o pão de nossa subsistência.
-          Epiousios: significa: pão para hoje, pão para amanhã, pão para sempre.
-          Judaísmo: o pão do futuro.
-          Comer com alguém é algo sagrado no Oriente;
-          Comer junto: é unir-se com eles.
-          Refeição símbolo de reconciliação, união.
-          O Reino não acontece sem o pão material.

Perdoai as nossas dívidas assim como nós... Lc 5,20

-          Porque Deus me perdoou eu tenho agora a capacidade de perdoar o outro.  O perdão humano é uma resposta diante do perdão de Deus.  O perdão do Deus só se torna real para mim se ler souber perdoar os outros.  Deus nos perdoa porque ele é Deus e não porque nós merecemos que nunca sentiu sua fraqueza não consegue ver o outro.

Não nos deixei cair em tentação:
O que pede:
-          Que Deus nos ajudei para não errar;
-          As primeiras comunidades a atenção dos primeiros cristãos é a do medo, da prostasia, de desanimar, de desanimar no tempo de perseguição.
Livra do Mal:
-          do maligno;
-          do anti Reino;
-          a tentação,
-          o mal de não lutarmos pelo Reino, Hb 13,8.

Jesus = ontem = hoje = sempre
Hb 4, 15    Hb 5, 7-8
Embora Filho de Deus ele teve que aprender a viver a obediência de Deus com súplica e lágrimas.  Jesus é o sumo sacerdote para os cristãos.

Cor 17,24
Sabedoria – loucura – gregos
Sinais – escândalos – Judeus

1.      Loucura: um Deus morrer.
2.      Escândalos: Messias aquele que traria esperança ao povo do Antigo Testamento.  Deus morreu.  Mc 14,32-42   Mc 15,33-37.

1.      Teologia da cruz tem que ser histórico;
2.      Jesus morre em ruptura com a própria causa;
3.      Se a cruz é resultado da vida histórica de Jesus.  Nossa espiritualidade da cruz tem que ser seguimento no caminho a cruz.
Mc 14,53-65   15,1-15
Mt 26,57-68    27, 11-26
Lc 22,66-71    23,1-25

4.      Jesus é condenado por blasfêmia.  Luta de deuses.
5.      Jesus é condenado como subversivo, agitador político: é a organização da humanidade para garantir o bem estar do povo.
6.      A cruz questiona qualquer conhecimento de Deus que não brota da paixão da humanidade.
7.      Na cruz, Deus mesmo é crucificado.  Sofrimento tem que ser o modo de Deus ser.
8.      O escândalo de um Deus crucificado, uma barreira está erguida entre a fé cristã e qualquer outra fé ou devoção religiosa.

Lc 23,44-46    Comparar com Mc 15,33-44 e com Jo 19,29-30

RESSURREIÇÃO
I Cor 15,12-19   I Cor 15, 35-54
Uma linha nega a ressurreição,
Outra linha nega a ressurreição do corpo,
Outros aceitam a imortalidade da alma.

1º)  A ressurreição + glorificação + o mandar o Espírito Santo.  Evento Pascal: escatologia.
2º)  É fora dos limites: espaço e tempo.  Aparições toca vidas humanas.  Interação entre o histórico e o escatológico.
3º) O túmulo não faz parte do evento escatológico.
4º) A tradução do túmulo vazio é bem mais antigo que os evangelhos.

Mt 28, 1-10       Mc 16,1-8     Lc 24,1-12       Jo 20,1-10

-          Não foi o túmulo que os levou a crer na ressurreição mas sim as aparições de Jesus.
I Cor 15, 1-9

A fé mais antiga, a proclamação mais forte é que o corpo de Jesus não se corrompeu. 

I Cor 15,50-53

Jesus é Divino Mc 1,40-42
Jesus é Histórico Mt 12, 1-8 Humano Mc 14,34 e Jo 11,33-34.

Jesus Cristo Ontem, Hoje e Sempre.






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