CURSO
BÍBLICO
INTRODUÇÃO
Livro da humanidade
Abrindo a Bíblia, você está abrindo um
dos livros mais lidos de toda a história da humanidade. Antes de você,
milhões de pessoas procuraram aqui dentro um sentido para a sua vida e o encontraram.
Se não o tivessem encontrado, não nos teriam transmitido este livro tão antigo,
e já não teríamos mais nenhum interesse pela Bíblia. Mas o contrário está
acontecendo. Só neste nosso século, mais de um bilhão e quinhentos milhões de
exemplares da Bíblia já foram impressos e divulgados no mundo inteiro,
traduzidos para mais de mil línguas diferentes.
Ora, um livro procurado e lido por tanta gente deve possuir um segredo
muito importante para a vida. Pois, em geral, nós homens e mulheres não somos
tão bobos assim para continuar procurando num lugar onde nada se encontra! Qual
é este segredo? Como fazer para descobri-lo? A Bíblia é como coco de casca
dura. Esconde e protege uma água que mata a sede do romeiro cansado. Romeiros e
peregrinos somos todos! Cansados também! Vamos procurar o facão que nos quebre
a casca deste coco!
Palavra de Deus
Em todas as épocas da história, sobretudo em épocas de crise como a
nossa, voltamos a alimentar-nos da Bíblia, pois acreditamos que este livro tem
a ver com Deus. A fé nos diz que a Bíblia
é a palavra de Deus para nós. “Não só de pão vive o homem, mas de toda a
palavra que sai da boca de Deus”(Mt 4,4). Uma palavra tem a força e o valor
daquele que a pronuncia. A palavra humana pode errar e enganar, pois o homem é
fraco e não oferece segurança total. Mas a palavra de Deus não erra nem engana.
Ela é prego seguro e firme que sustenta a vida de quem nela se agarra e por ela
se orienta. Por isso, “toda escritura divinamente inspirada é útil para
ensinar, para repreender, para corrigir, para educar na justiça, a fim de que o
homem de Deus seja perfeito e capacitado para toda boa obra”(2Tm 3,16). Assim,
“pela paciência e consolação das Escrituras, permaneçamos firmes na
esperança”(Rm 15,4). Esperamos que, um dia, a verdade e a justiça voltem a ser
a marca de toda a palavra que sai da boca dos homens!
Perguntas que surgem para quem
vai ler a Bíblia
A Bíblia é a palavra de Deus. Mas em canto nenhum da Bíblia, Deus colocou
a sua assinatura. Nunca ninguém viu o Espírito Santo em ação para mover alguém
a escrever. Então, como foi que o povo descobriu que Deus é o autor da Bíblia?
Como entender esta convicção tão profunda da nossa fé de que, quando leio a
Bíblia, estou lendo ou ouvindo a palavra de Deus para nós? O que significa dizer que a Bíblia é a palavra inspirada de Deus?
Foi Deus mesmo que pegou caneta e papel para escrever? Como foi que surgiu a
Bíblia? Qual a sua mensagem? Como a gente deve ler este livro sagrado? Quais as
regras da sua interpretação? A palavra de Deus encontra-se tão-somente na
Bíblia? São muitas perguntas. Vamos tentar esclarecê-las, parte por parte.
Livro da caminhada do povo
A Bíblia não caiu pronta do céu. Ela surgiu da terra, da vida do povo de
Deus. Surgiu como fruto da inspiração
divina e do esforço humano. Quem escreveu foram homens e mulheres como nós.
Eles é que pegaram caneta e papel e escreveram o que estava no seu coração. A
maior parte deles não tinha consciência de estar falando ou escrevendo sob a
inspiração de Deus. Estavam só querendo prestar um serviço aos irmãos em nome
de Deus. Eles eram pessoas que faziam parte de uma comunidade, de um povo em
formação, onde a fé em Deus e a prática
da justiça eram ou deviam ser o eixo da vida. Preocupados em animar esta fé
e em promover esta justiça, eles falavam e argumentavam para instruir os
irmãos, para criticar abusos, para denunciar desvios, para lembrar a caminhada
já feita e apontar novos rumos. Alguns deles chegaram a escrever, eles mesmos,
as suas palavras ao povo. Outros nem sabiam escrever. Só sabiam falar e animar
a fé pelo seu testemunho. As palavras destes últimos foram transmitidas
oralmente, de boca em boca, durante muitos anos. Só bem mais tarde, outras
pessoas decidiram fixá-las por escrito.
As palavras faladas ou escritas de todos estes homens e mulheres
contribuíram para formar e organizar o povo de Deus. Por isso, o povo delas se
lembrou e por elas se interessou. Não permitiu que caíssem no esquecimento. Fez
questão de distingui-las das palavras e gestos de tantos outros que em nada
contribuíram para a formação do povo, nem para a animação da fé e nem para a
prática da justiça. Foi um longo processo. Muita gente colaborou. O povo todo
se interessou.
Ora, a Bíblia foi surgindo do esforço comunitário de toda esta gente.
Surgiu aos poucos, misturada com a história do próprio povo de Deus. Resumindo,
a gente pode dizer: a Bíblia nasceu da
vontade do povo de ser fiel a Deus e a si mesmo, e da preocupação de
transmitir aos outros e a nós esta mesma vontade de ser fiel. Eles diziam: As
coisas do passado aconteceram “para servir de exemplo, e foram escritas para
advertir-nos, para quem chegou a plenitude dos tempos”(1Cor 10,11). A Bíblia
surgiu sem rótulo. Só mais tarde, o próprio povo descobriu aí dentro a
expressão da vontade de Deus e a presença da sua palavra santa.
Livro
inspirado por Deus
Como é que um livro que surge da vida e da caminhada do
povo pode ser, ao mesmo tempo, a palavra de Deus? Um agricultor resumiu a
resposta nesta frase: “Deus fala
misturado nas coisas: os olhos percebem as coisas, mas a fé enxerga Deus que
nos fala!”A ação do Espírito de Deus pode ser comparada com a chuva: cai do
alto, penetra no chão, e acorda a semente que produz a planta (cf. Is
55,10-11). A planta é fruto, ao mesmo tempo, da ação gratuita de Deus e do
esforço suado das pessoas. É a palavra do Deus do povo e do povo de Deus.
A ação do Espírito de Deus pode ser comparada com o sol:
seus raios invisíveis esquentam a terra e fazem crescer as plantas de baixo
para cima. Pode ser comparada ainda com o vento que não se vê. A Bíblia é fruto
do vento invisível de Deus, que moveu os homens a agir, a falar ou a escrever.
Até hoje, o Espírito de Deus nos atinge quando lemos a Bíblia. Ele nos ajuda a
ouvir e a praticar a palavra de Deus. Sem ele, não é possível descobrir o
sentido que a Bíblia tem para nós (cf. Jo 16,12-13; 14,26). O Espírito Santo
não se compra nem se vende (cf. At 8,20), nem é fruto só de estudo. É um dom de
Deus que deve ser pedido na oração (cf. Lc 11,13).
A
lista dos livros inspirados
Em vista da fidelidade a Deus e a si mesmo, o povo foi
fazendo uma seleção daqueles escritos que eram considerados de grande
importância para a sua caminhada. Assim surgiu uma lista de livros,
reconhecidos por todos como sendo a expressão da sua fé, das suas convicções,
da sua história, das suas leis, do seu culto, da sua missão. Lidos e relidos
nas reuniões e nas celebrações do povo, os livros desta lista foram adquirindo,
aos poucos, uma grande autoridade. Eram o patrimônio sagrado do povo, porque lhe revelavam a vontade de Deus. Daí vem a
expressão Escritura Sagrada.
Nós dizemos lista.
Eles usavam uma palavra grega e diziam cânon,
o que quer dizer lista ou norma. Os livros canônicos (cânon) eram a norma
da fé e da vida do povo. Ora, esta lista de livros sagrados recebeu mais tarde
o nome de Bíblia.
A Bíblia é o resultado final de uma longa caminhada,
fruto da ação de Deus, que quer o bem dos homens, e do esforço dos homens que
querem conhecer e praticar a vontade de Deus. Ou seja, a Bíblia é o fruto de um
mutirão prolongado do povo que procurava descobrir, praticar, escrever e
transmitir aos outros e a nós a palavra de Deus presente na vida. Vamos ver
alguns aspectos deste mutirão do povo que deu origem à Bíblia.
Quem
escreveu?
Não foi uma única pessoa que escreveu a Bíblia. Muita
gente deu a sua contribuição: homens e mulheres, jovens e velhos, pais e mães
de família, agricultores e operários de várias profissões; gente instruída que
sabia ler e escrever e gente simples que só sabia contar histórias; gente viajada
e gente que nunca saiu de casa; sacerdotes e profetas, reis e pastores, pobres
e ricos, gente de todas as classes, mas todos convertidos e unidos na mesma
preocupação de construir um povo irmão, onde reinassem a fé e a justiça, o amor
e a fraternidade, a verdade e a fidelidade, e onde não houvesse opressor nem
oprimido.
Todos deram a sua colaboração, cada um do seu jeito.
Todos foram professores e alunos, uns dos outros. Mas aqui e acolá, a gente
ainda percebe como alguns, às vezes, puxavam a brasa um pouquinho para o seu
lado.
Quando
foi escrita?
A Bíblia não foi escrita de uma só vez. Levou muito
tempo, mais de mil anos. Começou em torno do ano 1250 antes de Cristo, e o
ponto final só foi colocado cem anos depois do nascimento de Jesus. Aliás, é
muito difícil saber quando foi que começaram a escrever a Bíblia, pois, antes
de ser escrita, a Bíblia foi narrada e contada nas rodas de conversa e nas
celebrações do povo. E antes de ser
narrada e contada, ela foi vivida por muitas gerações num esforço teimoso e
fiel de colocar Deus na vida e de organizar a vida de acordo com a justiça.
No começo, o povo não fazia muita distinção entre contar
e escrever. O importante era expressar e transmitir aos outros a nova
consciência comunitária, nascida neles a partir do contato com Deus. Faziam
isto contando aos filhos os fatos mais importantes do seu passado. Como nós
hoje decoramos a letra dos cânticos, assim eles decoravam e transmitiam as
histórias, as leis, as profecias, os salmos, os provérbios e tantas outras coisas
que, depois, foram escritas na Bíblia. A Bíblia saiu da memória do povo. Nasceu
da preocupação de não esquecer o passado.
Onde
foi escrita?
A Bíblia não foi escrita no mesmo lugar, mas em muitos
lugares e países diferentes. A maior parte do Antigo Testamento e do Novo
Testamento foi escrita na Palestina, a terra onde o povo vivia, por onde Jesus
andou e onde nasceu a Igreja. Algumas partes do Antigo Testamento foram
escritas na Babilônia, onde o povo viveu no cativeiro no século VI antes de
Cristo. Outras partes foram escritas no Egito, para onde muita gente emigrou
depois do cativeiro. O Novo Testamento tem partes que foram escritas na Síria,
na Ásia Menor, na Grécia e na Itália, onde havia muitas comunidades, fundadas
ou visitadas pelo apóstolo São Paulo.
Ora, os costumes, a cultura, a religião, a situação
econômica, social e política de todos estes povos deixaram marcas na Bíblia e
tiveram a sua influência na maneira de a Bíblia nos apresentar a mensagem de
Deus aos homens.
Em que
língua foi escrita?
A Bíblia não foi escrita numa única língua, mas em três
línguas diferentes. A maior parte do Antigo Testamento foi escrita em hebraico. Era a língua que se falava na
Palestina antes do cativeiro. Depois do cativeiro, o povo de lá começou a falar
o aramaico. Mas a Bíblia continuou a ser escrita, copiada e lida em hebraico.
Para que o povo pudesse ter acesso à Bíblia, foram criadas escolinhas em toda
parte. Jesus deve ter freqüentado a escolinha de Nazaré para aprender o
hebraico. Só uma parte bem pequena do Antigo Testamento foi escrita em aramaico . Um único livro do Antigo
Testamento, o livro da Sabedoria, e todo o Novo Testamento foram escritos em grego. O grego era a nova língua do
comércio que invadiu o mundo daquele tempo, depois das conquistas de Alexandre
Magno, no século IV antes de Cristo.
Assim, no tempo de Jesus, o povo da Palestina falava o
aramaico em casa, usava o hebraico na leitura da Bíblia, e o grego no comércio
e na política. Quando os apóstolos saíram da Palestina para pregar o Evangelho
aos outros povos, eles adotaram uma tradução grega do Antigo Testamento, feita
no Egito no século III antes de Cristo para os judeus imigrantes que já não
entendiam o hebraico nem o aramaico. Esta tradução grega é chamada Septuaginta ou Setenta. Na época em que ela foi feita, a lista (cânon) dos livros sagrados ainda não estava concluída. E
assim aconteceu que a lista dos livros desta tradução grega ficou mais comprida
do que a lista dos livros da Bíblia hebraica.
É desta diferença entre a Bíblia hebraica da Palestina e
a Bíblia grega do Egito que veio a diferença entre a Bíblia dos protestantes e
a Bíblia dos católicos. Os protestantes preferiram a lista mais curta e mais
antiga da Bíblia hebraica, e os católicos, seguindo o exemplo dos apóstolos,
ficaram com a lista mais comprida da tradução grega dos Setenta. Há sete livros a mais na Bíblia dos católicos: Tobias,
Judite, Baruc, Eclesiástico, Sabedoria, os dois livros dos Macabeus, além de
algumas partes de Daniel e Ester. São chamados “deuterocanônicos”, isto é, são
da segunda (dêutero) lista (cânon).
O
assunto da Bíblia
O assunto da Bíblia não é só doutrina sobre Deus. Lá
dentro tem de tudo: doutrina, histórias, provérbios, profecias, cânticos,
salmos, lamentações, cartas, sermões, meditações, filosofia, romances, cantos
de amor, biografias, genealogias, poesias, parábolas, comparações, tratados,
contratos, leis para a organização do povo, leis para o bom funcionamento da
liturgia; coisas alegres e coisas tristes; fatos verdadeiros e fatos simbólicos;
coisas do passado, coisas do presente e coisas do futuro. Enfim, tudo que dá
para rir e para chorar. Tem trechos da Bíblia que querem comunicar alegria,
esperança, coragem e amor; outros trechos querem denunciar erros, pecados,
opressão e injustiças. Tem páginas lá dentro que foram escritas pelo gosto de
contar uma bela história para descansar a mente do leitor e provocar nele um
sorriso de esperança.
A Bíblia parece um álbum de fotografias. Muitas famílias
possuem um álbum assim ou, ao menos, têm uma caixa onde guardam as suas
fotografias, todas misturadas, sem ordem. De vez em quando, os filhos despejam
tudo na mesa para olhar e comentar as fotografias. Os pais têm que contar a
história de cada uma delas. A Bíblia é o álbum de fotografias da família de Deus.
Nas suas reuniões e celebrações, o povo olhava as suas “fotografias”, e os pais
contavam as histórias. Era o jeito de integrar os filhos no povo de Deus e de
transmitir-lhes a consciência da sua missão e da sua responsabilidade.
A Bíblia não fala só de Deus que vai em busca do seu
povo, mas também do povo que vai em busca do seu Deus e que procura
organizar-se de acordo com a vontade divina. Ela conta as virtudes e os
pecados, os acertos e os enganos, os pontos altos e os pontos baixos. Nada
esconde, tudo revela. Conta os fatos do jeito que foram lembrados pelo povo.
Histórias de gente pecadora que procura ser santa. Histórias de gente opressora
que procura converter-se e ser irmão. Histórias de gente oprimida que procura
libertar-se.
A Bíblia é tão variada como é variada a vida do povo. A
palavra BÍBLIA vem do grego e quer dizer LIVROS. A Sagrada Escritura tem 73
livros. É quase uma biblioteca. Poucas bibliotecas paroquiais têm a variedade
dos 73 livros da Bíblia!
A
semente da Bíblia
Longo e demorado foi o mutirão do povo, do qual surgiu a
Bíblia. Surgiu como surgem as árvores. Elas nascem de uma semente bem pequena,
escondida no chão, e crescem até esparramar os seus galhos que oferecem sombra,
alimento e proteção. A Bíblia nasceu de
um chamado de Deus, escondido na vida do povo, e cresceu até esparramar os seus
73 galhos pelo mundo inteiro.
O chamado de Deus que deu início ao mutirão do povo é a
palavra de Deus, por ele dirigida a todos
os homens, também a nós hoje. Este apelo de Deus, escondido no chão da vida,
foi descoberto primeiro por Abraão, depois por Moisés e pelo povo oprimido no
Egito. Eles deram a sua resposta e fizeram nascer o começo do povo de Deus. Uma
vez nascido o povo, trataram de não deixar morrer a semente. Os coordenadores
convocavam a comunidade, os pais reuniam os filhos para transmitir a seguinte
mensagem: “Nós éramos escravos no Egito. Gritamos ao Deus dos nossos pais, e
ele ouviu o nosso clamor. Chamou Moisés e, com a ajuda de Deus e de Moisés,
conseguimos a nossa libertação. Deus fez uma aliança conosco: Ele quer ser o
nosso Deus, e nós temos que ser o seu povo, observando a sua Lei, vivendo como
irmãos!”
Esta mensagem é o veiozinho verde que brotou da semente.
É o núcleo da fé do povo de Deus. Uma história de libertação, da qual nasceu um
compromisso mútuo! Semente bem pequenina! Cabia em umas poucas frases! Mas esta
história foi contada e cantada, em prosa e verso, de mil maneiras, pelo povo
libertado. Foi daí que nasceram os 73 livros da Bíblia, que hoje se esparramam
pelo mundo inteiro, oferecendo sombra, alimento e proteção a quem o deseja.
Nasceram, para que também nós possamos descobrir hoje o mesmo apelo de Deus em
nossa vida e para que iniciemos a mesma caminhada de libertação.
O
adubo que fez crescer a semente da Bíblia
Não é qualquer chão que serve para que uma árvore possa
crescer. O canteiro, onde a semente da Bíblia criou raízes e de onde lançou os
seus 73 galhos em todos os setores da vida, foi a celebração do povo oprimido,
ansioso de se libertar.
A maior parte da Bíblia começou a ser decorada para
poder ser usada nas celebrações, e foi escrita ou colecionada por sacerdotes e
levitas, os responsáveis pela celebração do povo. Além disso, as romarias e as
peregrinações, os santuários com as suas procissões, as festas e as grandes
celebrações da aliança, o templo e as casas de oração (sinagogas), os
sacrifícios e os ritos, os salmos e os cânticos, a catequese em família e o
culto semanal, a oração e a vivência da fé, tudo isso marca a Bíblia, do começo
ao fim!
O coração da Bíblia é o culto do povo! Mas não qualquer
culto. É o culto ligado à vida do povo, onde este se reunia para ouvir a
palavra de Deus e cantar as suas maravilhas; onde ele tomava consciência da
opressão em que vivia ou que ele mesmo impunha aos irmãos; onde ele fazia
penitência, mudava de mentalidade e renovava o seu compromisso de viver como um
povo irmão; onde reabastecia a sua fé e alimentava a sua esperança; onde
celebrava as suas vitórias e agradecia a Deus pelo dom da vida.
É também no culto que deve estar o coração da
interpretação da Bíblia. Sem este ambiente de fé e de oração e sem esta
consciência bem viva da opressão que existe no mundo, não é possível agarrar a
raiz de onde brotou a Bíblia, nem é possível descobrir a sua mensagem central.
A mensagem
central da Bíblia
Qual é, em poucas palavras, a mensagem central da
Bíblia? A resposta não é fácil, pois depende da vivência. Se você gosta de uma
pessoa e alguém lhe pergunta: “Qual é, em poucas palavras, a mensagem desta
pessoa para você?”, aí não é fácil responder. O resumo da pessoa amada é o seu
nome! Basta você ouvir, lembrar ou pronunciar o nome, e este lhe traz à memória
tudo o que a pessoa amada significa para você. Não é assim? Pois bem, o resumo
da Bíblia, a sua mensagem central, é o Nome de Deus!
O Nome
de Deus é Javé, cujo sentido ele
mesmo revelou e explicou ao povo (cf. Ex 3,14). Javé significa Emanuel, isto é, Deus conosco, Deus presente no meio do seu povo para libertá-lo.
Deus quer ser Javé para nós, quer ser
presença libertadora no meio de nós!
E ele deu provas bem concretas de que esta é a sua vontade. A primeira prova
foi a libertação do Egito. A última prova está sendo, até hoje, a ressurreição
de Jesus, chamado Emanuel (cf. Mt 1,23). Pela ressurreição de Jesus, Deus
venceu as forças da morte e abriu para nós o caminho da vida.
Por
tudo isso é difícil resumir em poucas palavras aquilo que o Nome de Deus
evocava na mente, no coração e na memória do povo por ele libertado. Só mesmo o
povo que vive e celebra a presença libertadora de Deus no seu meio, pode
avaliá-lo.
Na
nossa Bíblia, o Nome Javé foi traduzido por Senhor.
É a palavra que mais ocorre na Bíblia. Milhares de vezes! Pois o próprio Deus
falou: “Este é o meu Nome para sempre! Sob este Nome quero ser invocado, de
geração em geração!”(Ex 3,15). Faz um bem tão grande você ouvir, lembrar ou
pronunciar o nome da pessoa amada. Aquilo ajuda tanto na vida! Dá força e
coragem, consola e orienta, corrige e confirma. Um Nome assim não pode ser
usado em vão! Seria uma blasfêmia usar o Nome de Deus para justificar a
opressão do povo, pois Javé significa
Deus libertador!
O Nome
Javé é o centro de tudo. Tantas vezes Deus o afirma: “Eu quero ser Javé para
vocês, e vocês devem ser o meu povo!”Ser o povo de Javé significa: ser um povo
onde não há opressão como no Egito; onde o irmão não explora o irmão; onde
reinam a justiça, o direito, a verdade e a lei dos dez mandamentos; onde o amor
a Deus é igual ao amor ao próximo. Esta é a mensagem central da Bíblia; é o
apelo que o Nome de Deus faz a todos aqueles que querem pertencer ao seu povo.
A esperança dos profetas
Caindo e levantando, o povo foi andando, procurando ser
o povo de Deus e buscando atingir para si e para os outros os bens da promessa
divina. Muitas vezes, porém, esquecia o chamado de Deus e se acomodava. Em vez
de servir a Deus, queria que Deus servisse ao projeto que eles mesmos tinham
inventado. Invertiam a situação. Era nestas horas que surgiam os profetas para
denunciar o erro e para anunciar de novo a vontade de Deus ao povo.
A Bíblia conserva as palavras de quatro profetas
chamados Maiores: Isaías, Jeremias,
Ezequiel, Daniel, e de doze Menores.
Muitos outros profetas são mencionados na Bíblia. O maior deles foi Elias. Os
profetas, cujos nomes, gestos e palavras foram conservados, são como flores.
Elas supõem um chão, uma semente e uma planta. O chão, a semente e a planta
destes profetas são as comunidades que lhes transmitiram a fé; são os inúmeros
profetas locais, cujos nomes foram esquecidos. É como hoje. Os grandes profetas
são conhecidos no país inteiro, mas eles só puderam surgir graças ao povo
anônimo e fiel das suas comunidades.
Diante das falhas constantes do povo, desviado por seus
falsos líderes, os profetas começaram a alimentar no povo uma nova esperança.
Diziam: no futuro, o projeto de Deus será realizado através de um enviado
especial, um novo líder, fiel e verdadeiro, chamado Messias.
Foi esta esperança maior, alimentada pelos profetas, que
sustentou o resto fiel do povo e o ajudou a superar as duras crises da sua caminhada.
O resto fiel eram sobretudo os pobres que punham sua esperança unicamente em
Deus (cf. Sf 3,12). Como a mãe enfrenta as dores do parto, porque tem amor à
vida nova que ela carrega dentro de si, assim os pobres enfrentavam as dores da
caminhada, porque tinham amor à promessa divina que eles carregavam dentro de
si. Eles acreditavam na vida nova que dela haveria de surgir para todos os
homens. Esta vida nova chegou, finalmente, em Jesus, o Messias.
A
esperança dos pobres se realiza em Jesus e nas comunidades
Para realizar a missão do Messias, Deus não mandou
qualquer um. Mandou o seu próprio Filho! Jesus, o Filho de Deus, realizou a
promessa do Pai, trouxe a libertação para o povo e anunciou a Boa-Nova do Reino
aos pobres.
A pregação de Jesus não agradou a todos. Os doutores da
Lei, os fariseus, os saduceus e os sacerdotes imaginavam a vinda do Reino como
uma simples inversão da situação, sem mudança real no relacionamento entre os
homens e entre os povos. Eles, os judeus, dominados pelos romanos, ficariam por
cima e seriam os senhores do mundo, e os que estavam por cima ficariam por
baixo.
Mas não era assim que Jesus entendia o Reino do Pai. Ele
queria uma mudança radical. Para ele, o povo de Deus tinha de ser um povo irmão
e servidor, e não um povo dominador a ser servido pelos outros povos (cf. Mt
20,28).
Jesus iniciou esta mudança: colocou-se do lado dos
pobres, marginalizados pelo sistema dos líderes judeus, denunciou este sistema
como contrário à vontade do Pai e convocava a todos para mudar de vida. Mas os
grandes não quiseram. O que era Boa Notícia para os pobres era má notícia para
os grandes, pois Jesus exigia deles que abandonassem os seus privilégios
injustos e as suas idéias de grandeza e de poder. Eles preferiram as suas
próprias idéias, rejeitaram o apelo de Jesus e o mataram na cruz com o apoio
dos romanos.
Foi aí que o Pai mostrou de que lado ele estava. Usando
o seu poder que protege a vida, ressuscitou Jesus. Animados por este mesmo
poder de Deus que vence a morte, os seguidores de Jesus, os primeiros cristãos,
organizaram a sua vida em pequenas comunidades, viviam em comunhão fraterna,
tinham tudo em comum e já não havia mais necessitados entre eles (cf. At
2,42-44).
Assim, a vida nova, prometida no Antigo Testamento e
trazida por Jesus, apareceu aos olhos de todos na vida dos primeiros cristãos.
Eles se tornaram “a carta de Cristo, reconhecida e lida por todos os
homens”(cf. 2Cor 3,2-3). Neles apareceu o Novo Testamento! É na vida
comunitária dos primeiros cristãos, sustentada pela fé em Jesus, vivo no meio
deles, que apareceu uma amostra clara do projeto que o Pai tinha em mente
quando chamou Abraão e quando decidiu libertar o seu povo do Egito.
Jesus trouxe a chave para o povo poder entender o
sentido verdadeiro da longa caminhada do Antigo Testamento. Os primeiros
cristãos, usando esta chave, conseguiram abrir a porta da Bíblia e souberam
entender e realizar a vontade do Pai. O Antigo Testamento é o botão, o Novo
Testamento é a flor que nasceu do botão. Um se explica pelo outro. Um sem o
outro não se entende. Como eles, assim também nós devemos reler a nossa
história à luz de Cristo, com a ajuda da Bíblia, e tentar descobrir dentro dela
o apelo de Deus, desde o seu começo.
Como
ler com proveito a Bíblia
A experiência da ressurreição, vivida em comunidade, foi
o grande estalo que iluminou os olhos e revelou aos cristãos o sentido da
Bíblia e da vida. A história dos discípulos de Emaús mostra isso bem
claramente, pois Jesus aparece aí como o intérprete da Bíblia e da vida.
Quando, no dia de Páscoa, os dois discípulos andavam
pela estrada, Jesus caminhava com eles, mas eles não o reconheceram (cf. Lc
24,15-16). Faltava a luz nos olhos. Faltava a experiência da ressurreição.
Quando, finalmente, o reconheceram na partilha do pão, Jesus desapareceu (cf.
Lc 24,30-31). Pois nesta hora, Jesus entrou para dentro deles, e eles mesmos
ressuscitaram. Venceram o desânimo e voltaram para Jerusalém, onde estavam os
poderes que, matando Jesus, tinham matado neles a esperança. Mas eles já não os
temiam. Neles estava a força maior, a força da vida que vence a morte.
A Bíblia teve um papel muito importante nesta
transformação que se operou nos dois discípulos. Jesus usou a Bíblia não tanto
para enriquecer os dois com idéias bonitas, mas muito mais para suscitar neles
aquela mudança do medo para a coragem, do desespero para a esperança, da
separação para o reencontro, da fuga para o enfrentamento, da morte para a
vida. Vale a pena a gente ver mais de perto o jeito como Jesus usou a Bíblia.
Ele serve de modelo para nós.
O
primeiro círculo bíblico
A conversa de Jesus com os discípulos de Emaús foi o
primeiro Círculo Bíblico. Nele aparecem três pontos que devem estar sempre
presentes na leitura e na interpretação que fazemos da Bíblia.
1. Reflexão sobre
a realidade: Jesus soube criar um ambiente de conversa e, com muito jeito,
forçou os dois a falar sobre os problemas da vida que eles estavam sentindo. Na
conversa apareceu toda a realidade: a tristeza, o desânimo, a frustração dos
dois, a sua falsa esperança de um messias glorioso, a decisão do governo e dos
sacerdotes de condenar Jesus, a cruz e a morte, a conversa das mulheres que
provocou espanto, a incapacidade dos dois em crer nos pequenos sinais de
esperança (cf. Lc 24,13-24).
2. Estudo da
própria Bíblia: Jesus usou a Bíblia não tanto para interpretar e ensinar a
Bíblia, mas muito mais para com ela interpretar os fatos da vida e animar os
dois rapazes. Refletiu com eles, fez ver que estavam errados na sua maneira de
explicar os fatos e mostrou, com a luz da
Bíblia, que os fatos não estavam escapando da mão de Deus. Isto exigia dele
um conhecimento profundo da Bíblia. Jesus conhecia a Bíblia. Junto com os dois,
ele soube encontrar aqueles textos de Moisés e dos profetas que pudessem trazer
alguma luz para a situação de tristeza e mudar as idéias erradas que eles
tinham na cabeça. Jesus não teve medo de criticar interpretações erradas da
Bíblia. Pois o texto bíblico tem um sentido certo que deve ser respeitado, para
evitar que se manipule o texto em favor das próprias idéias, como os judeus
faziam (cf. Lc 24,25-27).
3. Vivência
comunitária da fé na Ressurreição: Jesus andou com eles, conversou, criou
um ambiente de abertura e teve a paciência de escutá-los. Falando da vida e da
Bíblia, agradou tanto, que o coração dos dois se esquentou, e eles chegaram a
convidá-lo para o jantar. Ficou com eles, sentou à mesa, rezou com eles e fez a
partilha do pão, como se tornou costume entre os cristãos que tinham tudo em
comum. Jesus não só falou, mas colocou gestos bem concretos de amizade. Ora,
tudo isso é o ambiente da comunidade, onde se procura viver como irmão. É aí
que se faz a experiência da ressurreição, do Cristo vivo no meio de nós; a
experiência de Javé, Deus libertador (cf. Lc 24, 28-32).
Quando estes três elementos estão presentes na
interpretação da Bíblia, aí a Bíblia atinge o seu objetivo e acontece o milagre
da mudança: os discípulos descobrem a força da palavra de Deus presente nos
fatos, começam a praticá-la e tudo se transforma; os olhos se abrem, as pessoas
mudam; a cruz, vista como sinal de morte e de desespero, torna-se sinal de vida
e de esperança; o medo desaparece, a coragem reaparece; as pessoas se unem, se
reencontram e começam a partilhar entre si a sua experiência de ressurreição;
os poderes que oprimem e matam já não causam desânimo; os dois discípulos
começam a reler a sua própria caminhada e descobrem que tudo começou quando
Jesus falava com eles sobre a vida e sobre a Bíblia; a fé se afirma, a
esperança se renova e o amor abre novos caminhos (cf. Lc 24,33-35).
A
reflexão sobre a realidade
Interpretar a Bíblia, sem olhar a realidade da vida, é o
mesmo que manter o sal fora da comida, a semente fora da terra, a luz debaixo
da mesa; é como galho sem tronco, olhos sem cabeça, rio sem leito.
Pois a Bíblia não é o primeiro livro que Deus escreveu
para nós, nem o mais importante. O primeiro livro é a natureza, criada pela
palavra de Deus; são os fatos, os acontecimentos, a história, tudo que existe e
acontece na vida do povo; é a realidade que nos envolve. Deus quer comunicar-se
conosco através da vida que vivemos. Por meio dela, ele nos transmite a sua
mensagem de amor e de justiça.
Mas nós homens, por causa dos nossos pecados,
organizamos o mundo de tal maneira e criamos uma sociedade tão torta, que já
não é mais possível perceber claramente a voz de Deus nesta vida que vivemos.
Por isso, Deus escreveu um segundo livro que é a Bíblia. O segundo livro não
veio substituir o primeiro. A Bíblia não veio ocupar o lugar da vida. A Bíblia
foi escrita para nos ajudar a entender melhor o sentido da vida e perceber a
presença da palavra de Deus dentro da nossa realidade.
Santo Agostinho resumiu tudo isso da seguinte maneira: a
Bíblia, o segundo livro de Deus, foi escrita para nos ajudar a decifrar o
mundo, para nos devolver o olhar da fé e da contemplação e para transformar
toda a realidade numa grande revelação de Deus.
Por isso, quem lê e estuda a Bíblia, mas não olha a
realidade do povo oprimido nem luta pela justiça e pela fraternidade, é infiel
à palavra de Deus e não imita Jesus Cristo. Ele é semelhante aos fariseus que
conheciam a Bíblia de cor, mas não a praticavam.
O
estudo da própria Bíblia
O estudo da Bíblia deve ser feito com muita seriedade e
disciplina. Considere a leitura que você faz da Bíblia como uma conversa sua
com Deus. Ora, quando a gente conversa com alguém, deve tomar as palavras do
outro do jeito que elas são ditas por ele. Eu não posso colocar as minhas
idéias dentro das palavras do outro. Isto seria uma falta de honestidade. Não
posso tirar do texto nenhum sentido, a não ser aquele que está dentro do texto.
Convém ser severo e exigente consigo mesmo neste ponto. Nunca manipular o texto
em favor das suas próprias idéias!
Mas um texto pode ser lido com duas mentalidades: com a
mentalidade avarenta de um pão-duro ou com a mentalidade generosa de um
mão-aberta. A gente deve ser generoso e nunca avarento na interpretação da
Bíblia. Isto quer dizer: ler não só nas linhas, mas também nas entrelinhas. Em
todos os textos sempre há duas coisas: as coisas ditas abertamente nas linhas,
e as coisas ditas veladamente nas entrelinhas. As duas vêm do autor do texto, e
as duas são igualmente importantes.
Como descobrir o que o autor diz nas entrelinhas? Usando
a inteligência, o coração e a imaginação, perguntando sempre: 1. Quem é que
está falando no texto e a quem? 2. O que ele está querendo dizer e por quê? 3.
Em que situação ele está falando ou escrevendo e qual o jeito que ele usa para
dar o seu recado? 4. Qual o ambiente que ele cria por meio das suas palavras e
qual o interesse que ele defende? Estas e outras perguntas ajudam a gente a
puxar a cortina e a perceber o que existe nas entrelinhas do texto bíblico.
Além disso, as introduções de cada livro, as notas ao pé
das páginas, as referências para outros textos bíblicos, os mapas geográficos e
o vocabulário que você encontra no fim desta Bíblia, foram feitos para ajudá-lo
na descoberta do sentido certo e exato do texto. E aqui convém lembrar o
seguinte: nadar se aprende nadando. O conhecimento da Bíblia se adquire através
de uma prática constante de leitura, se possível diária.
A
vivência comunitária da fé na ressurreição
Este terceiro ponto, muitas vezes esquecido, é muito
importante. É como a caixa de ressonância de um violão. Sem ela, as cordas das
palavras bíblicas não produzem a música de Deus no coração do leitor. Como
criar esta caixa de ressonância da interpretação da Bíblia?
1. Jesus soube criar um ambiente de amizade e de
abertura, onde foi possível ele ler a Bíblia junto com os dois discípulos de
Emaús. Este é o primeiro passo: criar um ambiente de amizade e de abertura
entre as pessoas, não para esconder os problemas da vida atrás de um sorriso,
mas para poder discuti-los e enfrentá-los, mesmo que for preciso ir a
Jerusalém, de noite, na escuridão.
2. A Bíblia surgiu da caminhada de um povo oprimido que,
apoiado na promessa de Deus, buscava a sua libertação. A sua interpretação deve
ser feita a partir do povo crente e oprimido que hoje busca a sua libertação. A
interpretação da Bíblia não pode ser neutra, nem pode ser feita separada da
vida e da história do nosso povo. Ela deve ser o fermento de Deus neste
processo de “conversão”e de mudança da morte para a vida, do medo para a
coragem, do desespero para a esperança, da opressão para a liberdade, que hoje
marca a vida das nossas comunidades.
3. A Bíblia nasceu dentro de uma comunidade de fé. É só
com o olhar de fé desta mesma comunidade que pode ser captada e entendida
plenamente a sua mensagem. Este olhar não se compra com dinheiro nem com estudo.
Adquire-se vivendo na comunidade, participando da sua caminhada e das suas
lutas. Mesmo quando leio a Bíblia sozinho, devo lembrar sempre que estou lendo
o livro da comunidade. Ninguém tem o direito de explicar a Bíblia do jeito que
convém a ele, contrário aos interesses da comunidade. Pois a Bíblia não é
propriedade privada de ninguém. Ela foi entregue aos cuidados do povo de Deus,
para que este realize a sua missão libertadora, e revele aos olhos de todos a
presença de Javé, o Deus vivo e verdadeiro. Com outras palavras, a Bíblia deve
ser interpretada de acordo com o sentido que lhe dá a comunidade, a Igreja. O
modo de pensar das comunidades do Brasil e da América Latina foi resumido em
Medellín e em Puebla. O modo de pensar das comunidades do mundo inteiro é
definido pelos Concílios Ecumênicos e pela palavra autorizada dos papas.
4. A Bíblia é, antes de tudo, palavra de Deus para nós.
Por isso, a sua interpretação e leitura devem ser feitas com a convicção de fé
de que Deus nos fala por meio da Bíblia. E ele fala não para que nós nos
fechemos no estudo e na leitura da Bíblia, mas para que, pela leitura e pelo
estudo da Bíblia, possamos descobrir a palavra viva de Deus dentro da história
da nossa comunidade e do nosso povo.
5. A interpretação da Bíblia não depende só da
inteligência e do estudo, mas também do coração e da ação do Espírito Santo. O
Espírito de Jesus deve ter a oportunidade de nos falar quando lemos a Bíblia.
Por isso, além do estudo e da troca de idéias, a leitura da Bíblia deve ter os seus
momentos de silêncio e de oração, de canto e de celebração, de troca de
experiências e de vivências.
Passos para uma boa leitura da Bíblia.
1º Passo: ter a
nossa realidade na cabeça.
2º Passo:
Respeitar o texto, não manipular, criar espaço para o Espírito Santo.
3º Passo: Ler
como membro de uma comunidade, II Pd 1,20-21.
4º Passo: Ler no
contexto, nenhum texto foi criado fora do contexto, a bíblia não é fim é meio.
5º Passo: ligar
fé e vida.
6º Passo: o que o
texto diz em si, o que o texto diz para mim e o que o texto me faz dizer a
Deus.
7º Passo: leitura
a serviço da vida.
8º Passo: Leitura
comprometida.
9º Passo: leitura
que revela o objetivo da bíblia.
Exemplo Lc 24, 1-35 Os
discípulos de Emaús.
1º Ato de Jesus
- 13-17 Aproxima-se do povo, caminha,
ouve, pergunta.
2º Ato de Jesus -
18-24 Colocação da realidade a partir deles.
3º Ato de Jesus -
25-27 Escutou, foi para a bíblia.
4º Ato de Jesus -
28-32 Jesus senta, pega o pão, da graça e desaparece. Agora os discípulos devem dar continuidade ao
que Jesus realizou, desaparece porque está no pão.
5º Ato de Jesus
- 33-35 Comunidade se uniu e o que era
fuga se tornou coragem.
Há 4 grandes tradições
Bíblicas:
Jahwista - Javé. Vem de Judá. Sul.
Elohista - E - Deus chamado
de Elohim - Deus é a nível de transcendência. Norte (722 ac).
Deuteronomista: 587 leitura
das J+E+D misturadas as religiões, JXE
Sacerdotal: P. Faz uma redação dos outros, chamamos
pentateuco. J,E,D e P.
ANTIGO TESTAMENTO
2000 AC - Abraão, Sara,
Isaac, Agar, Jacó, José, Moisés.
1850 AC - A mesopotânia vive
um período de transtorno social. Uma unificação. O país de Canaã é passagem
para todos os seus inimigos. Por estes
problemas abraão também deixa sua terra e vai para a Palestina. Deus pede a Abraão para se por a caminho e
Abraão obedece a Deus. É preciso ter
fé. Quando Abraão já começa a entender
Deus, já está com 75 anos. A parti de
Abraão nasce um novo povo. Patriarcas ou
matriarcas, continuam a caminhada. A fé
se torna bênção de Deus.
Promessa: terra, decedência
e bênção. Abraão vai em busca de uma
vida melhor. E nesta busca encontra
Deus. É preciso ter um líder, organização
e uma ideologia.
1500 AC - O Povo cresce
demais, Êx 7
1260 AC - Moisés:
1º) Início da Vida de Moisés, deve-se a um
contexto de luta que vive pela morte. Sua mãe colocou-o no cesto e o pôs no
rio, alguém da casa do faraó o encontrou e ficou com o menino.
2º) Educação de Moisés: de elite.
3º) Sensibilidade: Ele vê o problema.
4º) Militância:
imediatista.
5º) Mística Êx 3
6º) Organização,
não volta sozinho. Javé é um, está onde tem o fogo, raio, trovões, etc. Usa os
anciões e as tradições.
7º) Formação na
ação. Jz 5,3-4
8º) Textos para
aprofundar: Êx 5, Js 24, I Rs 19, Is 52, Jo 6, Apoc. 7
1300 AC - O povo é liberto
do Egito. Êx 17,4; 18,21;20. O povo sentiu necessidade, foi preciso
organizar-se e observar a Lei de Deus.
Êx 14,15 Passagem do Mar Vermelho.
DECÁLOGO
10 Mandamento: Êx 20
Igreja Ortodoxa: Vers. 3 é 1
mandamento.
Igreja Reformada: Vers 4-6 é
1 mandamento.
Igreja Episcopal: Vers 17 é 1 mandamento.
Católica Latina: Vers 3-6 é
1 mandamento.
Luterana: Vers 17 são 2
mandamento.
Os mandamentos tem por
objetivo:
-
Garantir o projeto de Deus.
-
Garantir que o povo possa viver na fraternidade e justiça.
-
São dirigidos ao povo, as comunidades de Israel.
O que cada mandamento quer
combater?
R. Exemplo o Vers 17, combate o
poder, violência e o egoísmo.
Qual o valor que cada
mandamento quer implantar?
R. A ordem, o povo se encontrava
em momento de desorganização então para que a coisa anda-se bem, surgiu as
leis, como ponto para que o projeto de salvação fosse garantido.
1º
Mandamento: É ideológico quer dizer que
tudo é material é ruim? E tudo que é da alma é bom? Não podemos continuar fazer
está leitura. Quando o mandamento foi
dado, foi interpretado desta forma e até pouco tempo este pensamento
continuava, hoje foi superado. O
mandamento quer dizer que Deus deve ser o início, o meio e o eterno em minha
vida. Ele deve ocupar um primeiro lugar,
e juntamento com Ele o Reino.
2º
Mandamento: Quer dizer, não usar o nome
de Deus em favor do erro, da falsidade, etc.
3º Mandamento: o
escravo te o mesmo direito do dono. Deve
ser lembrado que Deus libertou o povo do Egito para não mais ser escravo.
4º Mandamento: as
organizações dos povos depois de ser liberto foi em tribos, clãs, e os anciões
eram os chefes por isso é preciso, respeitá-los. Vai além do pai e da mãe.
5º Mandamento: é
falar contra as mortes que a sociedade colocam hoje. Respeitar o ser humano em todos os aspectos
existentes.
6º Mandamento:
respeitar o matrimônio, a família e os homens e mulheres como pessoa humana.
Não existe castidade se não tiver caridade.
7º Mandamento: é
evitar que se crie uma sociedade que rouba.
Garantir que todos tenham partilha.
8º Mandamento:
não apresentar testemunho falso. É ser
contra o sistema jurídico injusto.
9º Mandamento e
10º Mandamento: o pecado está em querer algo que não lhe pertence.
1250 AC - Araão, Mírian,
Débora, Ester, Adão, Noé, Cain, Raquel, Sansão, Eli, Jelão, Josué, Juizes
1050 AC - Rute, Samuel, Davi
união de todas as tribos.
REIS E PROFETAS:
1000 AC - Salomão, Elias,
Eliseu, Isaías, Amós, Josias, Oséias, Miquéias, Judite, Ester, Ageu, Acab, Jo,
Zacarias, Davi.
935 AC - Divisão do reino
Judá X Israel. Norte: Elias, Eliseu,
Amós e Oséias. Sul: Miquéias, Isaías,
Jeremias.
760 AC - Amós, norte
(campo);
755 AC - Oséias, norte
(campo);
740 AC - Isaías. Sul
(Cidade); 4º Cântico do Servo
Is 52,13-15;53,1-12
-
52,13-15 Deus fala.
-
53,1 Pergunta introdutória.
-
53,2-3 Relata o sofrimento do
servo.
-
53,4-6 Confissão pública.
-
53,7-9 Cumpri a promessa.
-
53,10-11 Resposta a pergunta.
-
53,11-12 Deus fala.
720 AC - Israel desaparece
com a dominação da Síria.
725 AC - Miquéias sul da
Cidade.
DOIS REINOS
NORTE 931 AC (Israel - Jacó)
Assíria, Babilônia e Persa.
SUL (Judá - Egito)
Mesopotânia.
722 AC - O Sul vence o
norte. A Assília volta para casa com o
povo do norte.
716 AC - Ezequiel
687 AC - Manassés
640 AC - Josias
Qual a função do Profeta
nestas épocas?
R. O profeta vem alertar ao
povo não de que o Deus deles estava errado, mas estavam levando a eles a uma
opressão de que as pessoas estavam sendo usadas para isso. O profeta é interprete da história, leitor da
vida do povo, guardião da memória do povo.
Pré literários: defensores
de Javé e os seus projetos defensores dos direitos dos fracos. Natã, Davi, Jeroboão, Elias, Acab, Eliseu,
Jorão.
Literários Profetas. Ameaças contra a monarquia. Amós, Oséias, Isaías,
Miquéias, Acaz, Ezequiel, Manassés, Josias.
587 AC - Exílio da
Babilônia.
Nesta época foi escrito a 1º
parte do gênese, capítulos 1 a 11 na babilônia.
ÊXODO:
-
Fato histórico;
-
Fato revelador.
-
Êx 18-22, 5-17, 8,21-24 10,24-26
Quais os mecanismos de
opressão que aparece no Êxodo?
R. Desativar as práticas
religiosas, já que unia o povo, controle de natalidade, trabalhos forçados,
esgotamento, capatazes, genocídio, etc.
538 Ciro - Volta para
terra. O controle é pela lei de Moisés.
Quem controla é Esdras e Escribas. Antes
de Ciro o povo estar sem rei, sem terra e sem templo. Projeto de Ageu, Zorobabel para restauração
através da monarquia e do templo.
520 AC - Profeta Zacarias e
o Sumo Sacerdote Josué - Restauração do tempo e do culto sem a monarquia, a
comunidade se fecha a si mesma.
445 AC - Dominação Pérsia
(Neemias e Provérbio). Esdras era
escriba e doutor da Lei. Proposta a
parti da lei, raça e pureza. Todos que
tinha mulheres e filhos estrangeiros tinham que se separar das mulheres e dos filhos. Vem as leis de pureza que depois Jesus
rejeitou. Os profetas Rute, Jonas,
Cântico dos Cânticos, Ester, Judite Ecleciaste e Jó foram contra esta idéia.
398 AC - Esdras.
333 - Grécia conquista tudo,
Alexandre Mágno.
200 AC - Helênicos Dominação
Selêncida
250 - Chegada a Terra, povo
estava bem, mas queria um rei. I Sm
8,5.
142 AC - Revolução dos
Macabeus. Dominação Hasmoneira.
63 - Independência da
Palestina. Romanos começam seu reinado.
70 D.C. Acaba Jerusalém, domina
os Fariseus.
85 ou 90 DC - Fazem uma
reunião e volta o que é da Lei de Deus. Retiram os cristãos.
Datas de alguns livros.
350 AC - Jó, Rute, Jonas e
Tobias.
300 AC - Cântico dos
Cânticos.
300 a 200 AC - Eclesiástico.
200 a 180 AC - Ester
180 AC - Judite, Ester.
142 AC - Macabeus, última
edição dos Salmos.
50 AC - Sabedoria.
Releitura dos conceitos
principais.
Is 65, 17-25 Novo céu, nova terra.
Is 56, 36-37 Povo de Deus.
Is 43, 16-20 Novo Êxodo
Ez 47,21-23 Terra.
Jr 31,31-34 Nova Aliança.
Is 56, 6-7 Culto.
Ez 36,26 Novo Coração.
Is 66,21 Sacerdócio.
Is 45, 1 Ungido.
Is 52,7 Reino.
Is 2,2-5 Lei
LEITURA ORANTE DA PALAVRA DE
DEUS
1) Não vai estudar a
bíblia. Vai para a bíblia com a pobreza
de coração.
2) Depende de Deus. Pedir o Espírito Santo.
3) Criar ambiente adequado. Ficar sempre atento a Deus.
4) Lembrar que você faz parte
de uma comunidade.
5) Descobrir o que o texto diz
em si, o que o texto diz hoje, o que o texto me leva a dizer a Deus.
6) Contemplação e a vivência.
7) Confrontar as conclusões,
com a fé da igreja e da comunidade em que nós vivemos. Confrontar com a exegese moderna.
8) Entender que você é o
destinatário.
9) Ter sempre Jesus Cristo
crucificado e Ressuscitado.
10) Eu e nós.
-
Invocar o Espírito Santo.
-
Leitura lenta e atenta do texto.
-
Silêncio, ler lembrando o que leu.
-
Ler denovo ver o sentido de cada frase.
-
Atualizar ligando a nossa realidade.
-
Aumentar a visão ligando com outros textos.
-
Ler de novo rezando o texto.
-
Formular um compromisso de vida.
-
Rezar um salmo apropriado.
-
Uma frase para memorizar.
Exemplo: Salmos 1 e 150
Nestes salmos o que é
oração?
NOVO
TESTAMENTO
CRISTOLOGIA
Região onde Jesus nasceu e
viveu. A Palestina era um corredor quase
obrigatório por onde passavam as grandes vias de transportes entre o ocidente e
o oriente. A Palestina era do tamanho do
estado do Sergipe. Do norte ao sul media
em torno de 220 Km. O povo vivia da
agricultura (cevada, azeitona, uva, figo e outras frutas, legumes e muito
trigo).
No mar da Galiléia
(Tiberíades e Genesaré), a pessoa era muito comum. Na Judéia as terras era poucos férteis, era
muito montanhosa. Criava-se o gado,
camelos, ovelhas, cabras...existia também o artesanato, a carpintaria, etc...
A moeda da Palestina era o
siclo (servia para pagar o dízimo). A
moeda romana era do Denário (pagar impostos).
Tinha também a moeda grega Dracma e a fenínia Mina. Estas eram usadas para o comércio com os
estrangeiros.
Jerusalém, a capital, era
uma cidade com mais ou menos 30 mil habitantes e muito mal situada. Estava numa região árida, sem vias de comunicação,
com 800 mt acima do nível do mar.
O povo tinha que pagar
imposto para os romanos e imposto para o templo. Os impostos somavam mais da metade da riqueza
produzida pelos camponeses, artesãos e comerciantes da Palestina. Para conseguir, isto, os romanos tinham como
seus aliados o próprio governo local. O total de impostos a Roma era de 46%, e
para o templo, 14% da renda familiar.
Os chefes dos cobradores
eram os publicanos. Existia a propina e
os roubos. Quem não pudesse pagar
imposto, tinha que entregar as suas terras.
Eram excluídos: mulheres,
crianças, samaritanos, mendigos, escravos, doentes, possessos, leprosos, cegos
e outros, estes não podiam entrar nem na cidade e nem no templo, também não
poderia ter nenhum tipo de comunicação com eles.
Além da dominação externa
(dos romanos), a Palestina era dominada internamente pelo Sinédrio.
O Sinédrio era a maior
autoridade administrativa, judiciária, legislativa e religiosa da Palestina e a
única lei escrita era a Torá. O Sinédrio
funcionava no Templo. Logo, o Templo e a
Lei eram os dois pilares principais sobre os quais estava fundamentada a
sociedade judáica.
O Sumo Sacerdote - desde o
exílio em 538, não havendo mais reis, o sumo sacerdote tornara-se pouco a pouco
a chave da abóbada da sociedade judaíca.
É ele o responsável pelo Templo e pela Lei. É o único que pode orar e expiar por todo o
povo e sua morte era considerada como expiatória, pois nesta ocasião os
assassinos eram agraciados. Por causa de
sua função, o sumo sacerdote goza de grande dignidade, o que lhe vale uma
situação financeira confortável.
Grupos da época de Jesus:
Saduceus: alguns acham que vem do Sadoc(1Rs2,35). Outros acham que vem de Zaduk = Ser
justo. Aparece como grupo organizado em
144 AC. A partir de Herodes todos os
sumos sacerdotes eram saduceus. É o
grupo que domina os 28 sumo sacerdotes, de 28 a 24 eram de 4 famílias. Foi eles que condenaram Jesus.
Sacerdotes: eram pessoas por
decendência. Este grupo de saduceu acaba
em 70 DC. Defendiam as leis e pregavam ao pé da letra. Não acreditam na vida depois da morte. Tudo era feito aqui.
Fariseus: Começa com o
grupos dos Macabeus e se chamavam "Hasidim". A luta era contra os
Hasmoneus X Fariseus. Tiveram um bom
contato com Salomé. Tinham a preocupação
de cumprir a lei. Fariseus quer
significar: separados, mas viviam no meio do povo, e eram separados dos
impuros.
Teologia deles: zelo pela
Lei. Noções complicadas sobre a
pureza. Todos eram obrigados. Sábado 39 leis sobre. Tudo foi desenvolvido oralmente. Dízimo pagar
até pelas plantas mas não valorizavam as pessoas. Obrar de caridade: dar esmola, reza, jejuar.
90% da classe média para
baixo.
Acreditavam na vida eterna,
no juízo final, no Messias. Eles
sobreviveram depois de 70 DC, a expulsão dos cristão e a 1º
perseguição vem dos Fariseus. Maioria
leigos.
Zelotes: ficou como grupo no
ano 6DC. No tempo de Jesus eram os
sacerdotes. Na Galiléia eram os
Sicarrú=Punhais. Eram contra os Romanos
e tinham por base a Galiléia. Visão:
política era consequência da religião.
Soberano absoluto era Deus. O
César era a negação da soberania de Deus.
Não podia ter nada como Deus.
Zelo pela Lei. Matavam os romanos
nas grandes festas com punhais. Liderou
a I guerra Judaica de 66-70. 2º
guerra Judaica 132-135DC.
Essênios: começa com a classe dos hasidinos. Zelo pela Lei. Separados fisicamente não para o
deserto. Rejeitam casamento e o culto de
Jerusalém. Foram fundados por sacerdotes
zadolistas. Comunidade de Qumam. Foi fundado por mestre de justiça. Teologia: tipicamente sacerdotal. Tudo que é espiritual é bom, tudo que é
matéria é ruim. De um lado luz de outro
escuridão. Eles esperam 2 messias o real
e o sacerdotal. Nada de misericórdia por
parte de Deus ou de Jesus.
Escribas: é profissão não é
ideologia. Tudo gira em seu saber,
interpreta a lei. Para exercer tinha que
ter no mínimo 40 anos. Não podiam ser
pagos pela interpretação.
Mc 2,1-12
2,13-17
2,18-22
2,23-28
3,1-6
7,1-16
11,15-19
12,13-17
Jesus: esta no meio destes
grupos como leigo, sem participar de nenhum deles.
Templo: é o centro da
religião, política e da economia.
1. O que é evangelho?
R. A Boa Notícia. Vem a ser uma narração da história. Fruto da vivência. Conteúdo de Jesus é o Reino. Contém: ditados, parábolas, milagres.
2. Como chegaram a ser
escritos?
R. Houve a necessidade de
escrever, registrar o fato de alguém que marcou a vida de algumas pessoas que
gostariam de passar essa alegria também aos seus. A narrativa mais forte é a paixão e morte que
significa o exílio, onde as pessoas pensam que Deus na pessoa de Jesus foi
derrotado. Experiência vivida, expressão
oral, vida das comunidades, catequese, liturgia, necessidade de memória,
contexto, autor, história, objetivo.
3. Por que tantas diferenças sobre
o assunto?
R. Há um único fato, porém, as
experiências são pessoais.
Os evangelhos foram escritos
após a Ressurreição de Jesus:
1º Escrito depois
de Jesus é o de Paulo aos Tessalonicenses, 50 DC.
2º Escrito
Evangelho de Marcos, 60 a 65 DC.
3º Escrito Evangelhos
de Lucas e Mateus 80 DC.
4º Escrito
Evangelho de João, 95-100 DC
Porque em Mt Jesus nasce em
Belém?
Para Mt era importante que
Jesus nasce-se em Belém, para mostrar que era o Filho de Deus. É para os
pagãos.
Porque é importante para Mt
que o anjo fala a José e não a Maria?
Faz ligação entre José do
Egito e José esposo de Maria. Ele reler
o Antigo testamento. Mq 5,1.
Porque Mt põe a história do
rei ruim que mandou matar os meninos?
Porque Herodes é o sobre
nome de uma família, que imperou por muito tempo.
1o Herodes
conhecido como o grande reinou 39 a 4 AC
2º Herodes
antipas, reinou de 4 a 39 DC
3º Cunhado do
Filho chamado Herodes Agripa I 40 a 49 DC
4º Filho do
Agripa I o Herodes Agripa II. 50 a 94 DC.
Quando foi a experiência das
tentações?
Após o batismo, quando ele
assumiu a missão.
O que significa cada
tentação para Jesus?
R. Deserto: no antigo
testamento lembra-se do Êxodo, o povo passa 40 anos de deserto. Jesus passa 40 dias.
Tentações do povo no
deserto: não tinha pão, ídolo (bezerro de ouro), dúvidas de que Deus estava
abandonando o povo. Mt faz uma
comparação de Jesus e Moisés só que Jesus vence as tentações e o Deserto do
Êxodo, início do povo de Deus.
As 3 tentações volta para a
sua necessidade de satisfazer a si mesmo.
Qual é a prática nova?
Jesus que vem contra a
exploração, trazer nova vida, renovar o antigo.
Qual a prática que esta
sendo questionada?
Questiona a centralização
que por sua vez, pregavam que Deus só
estava ali exploração em nome deles próprios.
Jesus não é contra o culto, mas o jeito de que as coisas caminham.
Conseqüências desta nova
prática?
Todos procuravam matar,
reprimir a Jesus. Justamente porque as
coisas estavam mexendo com eles.
Jesus dá uma atenção toda
especial as mulheres, que mais destaca isso é Lucas.
Lc 2,34-35 Lc 2,49-52
O anúncio de Jesus tem um
eixo condutor, realizar o Reino através das Bens Aventuranças.
Mt 5, 1-12
Lc6,17-23.
Milagre, o que é?
Evento inexplicável, ação de
Deus no seu povo, ato de fé, intervenção divina, mostrar algo gritante da
sociedade, manifestação do poder de Deus, graça concedida, algo extraordinária
não explicado pela ciência.
Lc 8,26-39
A cura dos demônios é Jesus
que une, reúne as pessoas e vence a desunião.
O ponto do ato de curar não
é só fisicamente. O Reino está entrando
e acabando com o nosso comodismo.
Ele ficou e divulgou todo o
acontecido, Mc 10, 46-52.
Tua fé te salvou.
Depois ele seguiu Jesus no
caminho.
Mt 8,14-15
A cura leva ao serviço ao
trabalho do Reino.
Jo 6, 30-44
Jesus chama atenção para o
ver.
5+2 perfeição (multiplicação
dos pães).
12 Tribos. Novo povo (12 cestos que sobraram)
Multiplicação: não estava no
texto, evitou 1000 anos de pois pelos monges, quando escreveram para uma
linguagem acessível ao povo.
Jo 9
Atitudes: fariseus, pais,
discípulos e do cego.
É escrito quando os cristãos
já foram expulso das sinagogas.
Exegese:
Muitos dos textos bíblicos,
não querem falar somente do que se pode perceber pela leitura corrida, mas
estão repletos de símbolos, gestos, movimentos, com uma catequese belíssima que
muitas vezes não é explorada por nossas comunidades. Um exemplo a Bodas de Canaã.
Jo 2,1-12
Dados interessantes que
poderíamos observar:
-
Onde aconteceu a Festa do casamento, no Templo. O templo naquela época era sagrado, não
poderia acontecer uma festa.
-
Outro dado: havia no local 6 talhas de água, usadas para purificação,
que também permaneciam no templo, onde não poderia acontecer uma festa de
casamento.
-
Maria intercede, Jesus poderia ter feito o milagre sem a Mãe, porque
Maria aparece somente neste milagre?
-
Jesus transforma água em vinho.
Tendo em vista estes dados,
podemos perguntar, Jesus fez ou não fez este milagre?
Não vamos aqui questionar a
atitude de Jesus diante do fato, nós sabemos que Jesus pode tudo, Ele é
Deus. Mas este texto não quer só dizer
que Jesus tem poder de transformar a água em vinho, mas quer dar uma
catequese. Vamos analisar os dados
levantados:
A festa significa o que aconteceu com a entrada de Jesus neste
mundo. Os anjos cantavam glória quando
nasceu Jesus. Ele precisou de uma mãe
para entrar neste mundo, mesmo sendo Deus, quis assumir a condição humana e se
fez homem. A água significa todo o
antigo testamento que Jesus veio transformar através de sua aliança definitiva,
pelo seu sangue derramado na Cruz, por isso ele transformou em vinho, símbolo
do sangue. O dono da festa não sabia o que estava
acontecendo, o mundo não sabia que Jesus iria vir naquele momento, eles
esperavam o Messias, mas não percebiam que já estava no meio deles. O mundo provando do vinho novo, de Jesus,
percebe que o que Jesus traz é algo novo, que vai superou o Antigo Testamento,
porque agora a salvação está garantida para sempre. O mundo perguntou, mas porque só agora serves
o vinho bom quando todos estão saciados, embriagados? Jesus veio para os doentes, quando tudo
estava bom, não precisava Jesus ter vindo para abrir-nos o céu, agora quando
tudo parecia perdido, Jesus vem para resgatar a humanidade. As seis talhas que significar que não há mais
necessidade de templo, Jesus é o novo templo, "antes adorávamos Deus no
templo, em Jerusalém, agora irás me adorar em Espírito e Verdade".
Como este texto, tantos
outros estão cheios de ensinamentos que nem sempre são explorados ou conhecidos
por nós, que não quer dizer que Jesus não realizou tais coisas, pelo contrário,
quer dar um testemunho ainda maior do que o Mestre fez e concretizou na vida
dos apóstolos e nas nossas vidas.
Reino de Deus
Reino de Deus = Alterar
realidade.
Relações: Deus – o reinar de
Deus – filiação
Seres Humanos – Irmandade. Mt 25,31a.
Reinar é iniciativa de Deus.
Jesus primeiro perdoar os
pecados que significa o agir de Deus. E
depois cura voltando-se para o ser humano, irmandade.
Pecado: é um fechar, um ir
contra o Reino de Deus.
Contexto Religioso do Reino
-
Conversão: metanóia cabeça para baixo.
-
Relações fraternas – prática.
-
Jesus portador da Salvação.
-
Reino Filho Pleno.
-
Iniciativa de Deus = Graça.
-
Compromisso de Fé = ação.
Contexto Político:
-
Deus é que Reina (Is 52,7);
-
Poder que não é serviço é pecado.
-
Deus age na história (e somente na história);
-
Deus e Jesus fizeram opção pelos pobres.
-
Proposta política: relações irmandade para todos e recuperação de
vida. Is 65, 17-25.
Parábola
Bom Samaritano Lc 10,
25-37 Tipo de Pessoa.
O Banquete Lc
14, 15-24 “ “
“
Os trabalhadoresMt 20, 1-16
Injustiça
Devedor Mt
18,23-34 “
O Filho Pródigo Lc 15, 11-32 Lei
O Rico Lázaro Lc
16, 19-31 Poder
Os Vinhateiros Mt 21,
33-44 Poder
O Juízo Final Mt 25,
31-46 Poder
Pai Nosso
Início da Igreja: Foi visto
como oração individual. Doc. Didaché:
diz que os cristãos rezavam o Pai Nosso e o Credo pela manhã e pela noite.
350 DC - S. Cirilo escreve um doc. onde o Pai Nosso
deve fazer parte da liturgia antes da comunhão só pelos batizados e não para os
catecúmenos, era considerado um privilégio.
Doxologia: Vosso é o louvor, o poder e a glória para
sempre.
Mt: escrevia para quem já
sabia rezar, os Judeus que viraram cristãos.
Lc escreve para pessoas que
nunca rezaram, os pagãos.
Mt 6,7-8
1. Pai Nosso que estás no céu.
2. Santificado seja o teu Nome.
3. Venha o teu Reino.
4. Seja feita a tua vontade
assim na terra como no céu.
5. Dar- nos hoje o pão nosso de
cada dia;
6. Perdoai as nossas dívidas
assim como nós perdoamos;
7. Não nos deixe cair em
tentação.
8. Livrai-nos do mal.
Lc 11,2-4
1. Pai.
2. Santificado seja o teu nome;
3. Venha a nós o vosso Reino;
4. Demos hoje o pão nosso de
cada dia,
5. Igual como Mt;
6. Igual a Mt
-
15 vezes o A.T. chama Deus de Pai.
E enfatiza amor e ternura.
-
Oséias 11,1 aparece Deus como
Pai
-
Jr 31,20
-
Jr 31,9
-
E como um Pai cheio de bondade e amor.
-
Abá: não é só Pai, mas mostrava confiança, carinho.
-
O Judeu chama Deus de Pai. Se
fala que Deus é pai, mas não chama.
-
A palavra Pai no Evangelho é pronunciada 170 vezes.
-
Mc Ele chama Deus de Pai: 4 vezes;
-
Lc Ele chama Deus de Pai 15 vezes;
-
Mt Ele chama Deus de Pai 42 vezes;
-
Jo Ele chama Deus de Pai 109 vezes
-
Em nenhuma literatura Judaica ousa chamar Deus de Pai.
-
Jesus só chama Deus não como Pai uma vez: em Mc 15,34.
-
Se Deus é nosso Pai, somos todos irmãos.
-
Jesus autoriza os discípulos dele a chamar Deus de Pai, Gl 4,6.
-
Só em chamar Deus de Pai, não pode ter divisões.
-
O nome: quem conhece o nome conhece a essência da pessoa. Ex 36,23.
O Pão nosso de cada dia nos
daí hoje
Nas bíblias há diferença:
-
Paulinas: o pão nosso de cada dia nos daí hoje.
-
Jerusalém: o pão nosso cotidiano da-nos a cada dia.
-
Ave Maria: daí nos hoje o pão necessário para o nosso sustento.
-
Loyola: dai-nos o pão necessário para cada dia.
-
Santuário: Daí-nos em cada dia o pão de nossa subsistência.
-
Epiousios: significa: pão para hoje, pão para amanhã, pão para sempre.
-
Judaísmo: o pão do futuro.
-
Comer com alguém é algo sagrado no Oriente;
-
Comer junto: é unir-se com eles.
-
Refeição símbolo de reconciliação, união.
-
O Reino não acontece sem o pão material.
Perdoai as nossas dívidas
assim como nós... Lc 5,20
-
Porque Deus me perdoou eu tenho agora a capacidade de perdoar o
outro. O perdão humano é uma resposta
diante do perdão de Deus. O perdão do
Deus só se torna real para mim se ler souber perdoar os outros. Deus nos perdoa porque ele é Deus e não
porque nós merecemos que nunca sentiu sua fraqueza não consegue ver o outro.
Não nos deixei cair em
tentação:
O que pede:
-
Que Deus nos ajudei para não errar;
-
As primeiras comunidades a atenção dos primeiros cristãos é a do medo,
da prostasia, de desanimar, de desanimar no tempo de perseguição.
Livra do Mal:
-
do maligno;
-
do anti Reino;
-
a tentação,
-
o mal de não lutarmos pelo Reino, Hb 13,8.
Jesus = ontem = hoje = sempre
Hb 4, 15 Hb 5, 7-8
Embora Filho de Deus ele
teve que aprender a viver a obediência de Deus com súplica e lágrimas. Jesus é o sumo sacerdote para os cristãos.
Cor 17,24
Sabedoria – loucura – gregos
Sinais – escândalos – Judeus
1. Loucura: um Deus morrer.
2. Escândalos: Messias aquele
que traria esperança ao povo do Antigo Testamento. Deus morreu.
Mc 14,32-42 Mc 15,33-37.
1. Teologia da cruz tem que ser
histórico;
2. Jesus morre em ruptura com a
própria causa;
3. Se a cruz é resultado da
vida histórica de Jesus. Nossa
espiritualidade da cruz tem que ser seguimento no caminho a cruz.
Mc 14,53-65 15,1-15
Mt 26,57-68 27, 11-26
Lc 22,66-71 23,1-25
4. Jesus é condenado por
blasfêmia. Luta de deuses.
5. Jesus é condenado como
subversivo, agitador político: é a organização da humanidade para garantir o
bem estar do povo.
6. A cruz questiona qualquer
conhecimento de Deus que não brota da paixão da humanidade.
7. Na cruz, Deus mesmo é
crucificado. Sofrimento tem que ser o
modo de Deus ser.
8. O escândalo de um Deus
crucificado, uma barreira está erguida entre a fé cristã e qualquer outra fé ou
devoção religiosa.
Lc 23,44-46 Comparar com Mc 15,33-44 e com Jo 19,29-30
RESSURREIÇÃO
I Cor 15,12-19 I Cor 15, 35-54
Uma linha nega a
ressurreição,
Outra linha nega a
ressurreição do corpo,
Outros aceitam a
imortalidade da alma.
1º) A ressurreição + glorificação + o mandar o
Espírito Santo. Evento Pascal:
escatologia.
2º) É fora dos limites: espaço e tempo. Aparições toca vidas humanas. Interação entre o histórico e o escatológico.
3º) O túmulo não
faz parte do evento escatológico.
4º) A tradução do
túmulo vazio é bem mais antigo que os evangelhos.
Mt 28, 1-10 Mc 16,1-8 Lc 24,1-12 Jo 20,1-10
-
Não foi o túmulo que os levou a crer na ressurreição mas sim as aparições
de Jesus.
I Cor 15, 1-9
A fé mais antiga, a
proclamação mais forte é que o corpo de Jesus não se corrompeu.
I Cor 15,50-53
Jesus é Divino Mc 1,40-42
Jesus é Histórico Mt 12, 1-8
Humano Mc 14,34 e Jo 11,33-34.
Jesus Cristo Ontem, Hoje e
Sempre.
.
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